Delatora diz que Delcídio pagou R$ 400 mil por fora na campanha de Zeca, em 2002
O suposto caixa dois não foi mencionado pelo ex-senador em seu depoimento
Em delação premiada homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), da empresária Mônica Moura, o ex-senador Delcídio do Amaral, então secretário estadual de infraestrutura, voltou a ser citado nas investigações da Operação Lava Jato. Ele teria pago “por fora” R$ 400 mil para a campanha de Zeca do PT ao governo em 2002.
No depoimento, Mônica reitera a delação do marido, o marqueteiro João Santana, que delatou a contratação negociada na sauna da residência do ex-senador no Condomínio Bela Vista, em Campo Grande.
Em 2002, com o apoio de Zeca, Delcídio candidatou-se pela primeira vez, pleiteando uma vaga no Senado. Santana e Mônica contaram que o marketing da campanha de Delcídio foi orçado em R$ 4 milhões. Metade teria sido paga "por dentro" e a outra metade, por meio de depósito feito por uma offshore na conta Shellbill, de Santana, na Suíça.
O suposto caixa 2 não consta do acordo de delação firmado por Delcídio com a Lava Jato. Procurado pela reportagem, o advogado do ex-senador, Antônio Figueiredo Basto, disse que seu cliente não reconhece os fatos relatados pelo casal como verdadeiros.
Por esse motivo, segundo ele, o episódio não foi tratado na colaboração. "Conversa em sauna? Se ele tivesse cautela para conversar com as pessoas, não teria acontecido o que aconteceu", comentou.
Segundo os delatores, com Delcídio eleito, o foco do PT teria passado então para a reeleição de Zeca do PT. Mônica disse que Santana cobrou R$ 400 mil para assumir a campanha de Zeca, considerando o curto período a frente. O valor teria sido acertado e pago por Delcídio por meio de caixa dois.
Em depoimento, Mônica disse não ter provas dos pagamentos feitos por Delcídio, a não ser as anotações da agenda dela, mas menciona um contrato de prestação de serviço, onde constam os valores oficiais e os “por fora” (a partir dos 3 minutos do vídeo).
Agora deputado federal, Zeca do PT manifestou surpresa ao saber que Delcídio pagou pela sua campanha. “Até hoje tem gente reclamando que o Delcídio não pagava nem a campanha dele”, frisou.
O deputado federal petista também responde a processo na Lava Jato, acusado de ter cobrado R$ 400 mil para a campanha de 2006, quando Delcídio disputou o governo pela primeira vez.