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Política

Encontro de Lula e Moro ocorre um ano após cassação de Delcídio

Exatamente no mesmo dia do ano passado, o Senado cassou por unanimidade o mandato do então senador

Lucas Junot | 10/05/2017 17:26
Delcídio foi preso em dezembro de 2015 e cassado há um ano, no dia 10 de maio de 2016 (Foto: Agência Brasil)
Delcídio foi preso em dezembro de 2015 e cassado há um ano, no dia 10 de maio de 2016 (Foto: Agência Brasil)

Nesta quarta-feira, 10 de maio, dia emblemático para os militantes do PT (Partido dos Trabalhadores), em que o líder máximo da sigla, Luiz Inácio Lula da Silva, presta depoimento em Curitiba ao juiz Sérgio Moro, encarregado das ações da Operação Lava Jato, faz exatamente um ano que um antigo correligionário, Delcídio do Amaral, teve seu mandato de senador da República cassado por quebra de decoro e abuso das prerrogativas parlamentares.

O então senador foi preso no dia 25 de novembro de 2015, por tentativa de obstrução nas investigações da Operação Lava Jato. Gravação revelou que Delcídio negociava com o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, o silêncio dele sobre operações ilegais realizadas na empresa estatal.

Entre as promessas feitas, havia "mesada" para sustento da família Cerveró e até plano de fuga do executivo, tudo para evitar que ele fizesse a delação premiada. Os áudios foram gravados pelo filho de Cerveró.

Diante desta situação, Delcídio teve a prisão autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavaski, que comanda as ações da Lava Jato no Supremo. No mesmo dia, em votação aberta, os senadores decidiram manter Delcídio preso, por 59 votos a favor e 13 contra. Houve também uma abstenção.

Depois de 80 dias detido, Delcídio foi solto após assinar acordo de delação premiada, fazendo várias revelações envolvendo Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua volta ao Senado, tirou seguidas licenças médicas. Mesmo tentando adiar a votação para que novos documentos fossem anexados no relatório de cassação.

Naquele 10 de maio, após uma hora e meia de sessão, os senadores aprovaram a cassação de Delcídio do Amaral por unanimidade. Foram 74 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção.

Delcídio foi o terceiro senador a ser cassado depois da redemocratização do Brasil, em 1989. Os outros dois cassados foram: Luiz Estevão (então do PMDB), em 2000 recebeu 52 votos pela cassação; 18 contra e 10 abstenções; e Demóstenes Torres (na época filiado ao DEM), 2012 recebeu 56 votos a favor da cassação; 19 contra e 5 abstenções. Os dois processos correram por acusação de quebra de decoro parlamentar, a exemplo do que aconteceu com o ex-petista.

Delcídio do Amaral, que foi eleito em 2002, estava em seu segundo mandato e, antes de ser preso, ocupava a função de líder do governo no Senado e presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), uma das principais e mais importante comissões na Casa.

O Campo Grande News tentou contato com o ex-senador, mas até o fechamento desta matéria as ligações não foram atendidas.

Lula X Moro – O esperado confronto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro começou às 13h (MS) desta quarta-feira (10). É a primeira vez que ambos se encontram pessoalmente.

O ex-presidente chegou a Curitiba  por volta das 9h20 (MS), a bordo de um jatinho. Conforme o jornal O Globo, a aeronave pertence a empresa de Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro de Lula e envolvido em esquema de mensalão em Minas Gerais.

Amigo pessoal do petista, o ex-ministro das Relações Institucionais e do Turismo foi acusado de peculato e lavagem de dinheiro no escândalo conhecido como Mensalão Mineiro, em 1998. Walfrido havia sido denunciado por sua participação na campanha pela reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais. 

Após depoimento, Lula vai ao encontro dos militantes reunidos na Praça Santos de Andrade, no Centro da capital paranaense.

Delações - Lula é citado pelos delatores da Odebrecht em pelo menos seis situações. Os executivos Hilberto Mascarenhas Filho, que chefiou o chamado “departamento de operações estruturadas” [setor de propinas] e Alexandrino Alencar contaram ao Ministério Público que a Odebrecht pagava uma espécie de mesada a José da Silva, o Frei Chico, irmão do ex-presidente.

Eles disseram que os pagamentos eram feitos em dinheiro e eram do conhecimento de Lula. Segundo o Ministério Público, pagamentos que podem ser enquadrados como troca de favores que se estabeleceu entre agentes públicos e empresários.

Em outro caso, Emílio Odebrecht, e Alexandrino Alencar relataram que Lula teria se comprometido a melhorar a relação entre o grupo Odebrecht e a então presidente Dilma Rousseff. Em contrapartida, Lula receberia o apoio da Odebrecht para a atividade empresarial do filho Luis Cláudio Lula da Silva.

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