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Política

Bumlai assume pagamentos a Delcídio, mas nega obstrução à Lava Jato

Na ação em que prestou depoimento, o pecuarista é réu junto com Delcídio, Lula, o banqueiro André Esteves e mais duas pessoas, todos acusados de obstruir as investigações da Lava Jato

Lucas Junot | 10/03/2017 13:22
Delcídio chegou a ser preso em pleno exercício do cargo de senador, acusado de tentar montar um esquema para impedir a delação premiada de Cerveró. Ele disse ao Conselho de Ética do Senado ter encaminhado R$ 250 mil dados por Bumlai para o ex-diretor da Petrobras (Foto: Agência Brasil)
Delcídio chegou a ser preso em pleno exercício do cargo de senador, acusado de tentar montar um esquema para impedir a delação premiada de Cerveró. Ele disse ao Conselho de Ética do Senado ter encaminhado R$ 250 mil dados por Bumlai para o ex-diretor da Petrobras (Foto: Agência Brasil)

Depoimento do pecuarista José Carlos Bumlai, nesta sexta-feira (10) confirmou que seu filho, Maurício Bumlai, fez dois repasses de R$ 50 mil ao ex-senador Delcídio do Amaral. Ambos são réus, acusados de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, junto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o banqueiro André Esteves e mais duas pessoas, ao tentarem impedir que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, assinasse um acordo de delação premiada.

Interrogado pelo juiz Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, Bumlai negou que o dinheiro tenha qualquer relação com a compra do silêncio de Cerveró.

Bumlai confirmou que Delcídio de fato falou sobre uma possível delação de Cerveró em uma conversa que teve em 2015 com seu filho, Maurício Bumlai, mas este teria recusado qualquer envolvimento com o assunto.

O pecuarista, já condenado a nove anos de prisão na primeira instância em outro caso da Lava Jato, cumpre prisão domiciliar em São Paulo.

“Ele [Maurício] falou não, que ele não ia fazer isso, porque não tínhamos nada a ver com Nestor Cerveró. Depois ele [Delcídio] voltou e pediu ajuda em caráter pessoal. Para manter o padrão de vida que ele tem, não era com salário de senador”, disse José Carlos Bumlai.

“Inicialmente o pedido foi R$ 50 mil , ele [Maurício] deu. Ai teve um segundo pedido de mais R$ 50 mil e ele deu também, e é só”, afirmou Bumlai, reiterando que as quantias teriam sido entregues por seu filho somente para manter uma boa relação com o então senador, cujo poder poderia prejudicar os negócios dos Bumlai.

Bumlai negou qualquer envolvimento com Cerveró e disse não ter nenhuma relação com ele antes de ser preso, em 2015. Eles dividiram uma cela na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, por quase um ano “Se eu tivesse que pedir alguma coisa teria pedido ali”, disse o pecuarista, que classificou a acusação de "absolutamente mentirosa".

À época dos repasses, em 2015, Delcídio chegou a ser preso em pleno exercício do cargo de senador, acusado de tentar montar um esquema para impedir a delação premiada de Cerveró. Ao Conselho de Ética do Senado, no processo que resultaria na cassação de seu mandato, ele disse ter encaminhado R$ 250 mil dados por Bumlai para o ex-diretor da Petrobras a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em depoimento anterior no mesmo caso, Bernardo Cerveró, filho de Nestor, admitiu ter recebido dois repasses de R$ 50 mil de Delcídio, a título de “ajuda à família”. Segundo ele, o então senador chegou a pedir para que seu pai não celebrasse acordo de delação premiada.

Na próxima terça-feira (14), às 10h está marcado o depoimento de Lula no caso. O advogado do ex-presidente confirmou que ele comparecerá à audiência.

Com informações da Agência Brasil

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