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Política

Em crise, PMDB escala Puccinelli para arrumar a casa e segurar prefeitáveis

Lidiane Kober | 05/06/2015 15:16
Marçal diz que PMDB de Dourados tem dono e deve ingressar no PSDB (Foto: Divulgação)
Marçal diz que PMDB de Dourados tem dono e deve ingressar no PSDB (Foto: Divulgação)

Após décadas de glória no comando do Governo do Estado e da Prefeitura de Campo Grande, o PMDB vive “dias de luta”. O clima ainda é mais tenso nos dois maiores colégios eleitorais de Mato Grosso do Sul. O problema não é falta de candidatos, pelo contrário, são tantos postulantes que o clima é de desconfiança e o resultado é debandada de lideranças. Para apagar o fogo, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) foi escalado.

“A tarefa dele (de Puccinelli) é sentar e conversar para construir consenso”, disse o presidente regional do PMDB, deputado estadual Júnior Mochi. A primeira missão começa na próxima segunda-feira (8), quando o ex-governador desembarca em Dourados, segundo maior colégio eleitoral do Estado.

Por lá, o clima anda tenso. O ex-deputado federal Marçal Filho (PMDB) afirma que PMDB da cidade “tem dono e candidatura fechada”. Ele se refere ao deputado federal Geraldo Resende. Os dois, ao lado da vereadora Délia Razuk, são pré-candidatos a prefeito.

A insegurança de Marçal se agrava depois de levar o “toco” do PMDB, em 2012. Na época, ele liderava as pesquisas de opinião pública para sair candidato a prefeito, mas, de última hora, o partido decidiu apoiar o atual prefeito Murilo Zauith (PSB). “Dentro do PMDB de Dourados, pesquisa não adianta, na última eleição estava na frente e, no final, não fui (candidato)”, lamentou.

“Os atores do passado, hoje, entendem que chegou a vez do PMDB e querem se redimir do erro”, comentou Resende. O fato que Marçal entende que, mais uma vez, será deixado de lado. “O partido tem um dono aqui, tem candidatura fechada, o diretório está na mão de uma pessoa só”, explicou, fazendo menção novamente a Resende. Neste sentido, o ex-deputado está decidido a deixar o PMDB.

Ele, porém, vai ouvir Puccinelli. “Ele me ligou para que eu o encontrasse. Por respeito e consideração, vou atender o pedido, mas acho muito difícil minha permanência”, adiantou. “O problema que tem uma coisa pré-definida”, reforçou.

Marquinhos acha que, se ficar, na hora H, o PMDB não o lançará candidato (Foto: Divulgação/assessoria/ALMS)
Marquinhos acha que, se ficar, na hora H, o PMDB não o lançará candidato (Foto: Divulgação/assessoria/ALMS)

Resende, inclusive, não esconde ter o apoio dos dirigentes. “Tenho apoio do diretório nacional, estadual e municipal”, disse. Ele, contudo, reconhece que tanto Marçal quanto Délia tem chances. “Todos os nomes são fortes”, comentou. Mas, ele adianta que, por enquanto, as pesquisas o apontam como favorito. “Fico feliz que meu nome tem sobressaído”, completou.

Marçal, por sua vez, já faz outros planos. “O governador (Reinaldo Azambuja) esteve aqui e me convidou para entrar no PSDB, não que isso (a candidatura a prefeito) seja pré-condição, evidente que o meu nome desponta, mas vamos esperar a conjuntura do momento para decidir”, informou.

Na Capital - Em Campo Grande, maior colégio eleitoral do Estado, a realidade é praticamente a mesma. O deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB) está de malas prontas por não confiar no partido. Mais uma vez, Puccinelli foi escalado para tentar juntar os cacos.

Marquinhos tem o sonho de disputar a prefeitura da Capital, mesma pretensão, por exemplo, do deputado federal Carlos Marun (PMDB), da deputada estadual Antonieta Trad (PMDB) e dos vereadores Paulo Siufi (PMDB) e Mário Cesar (PMDB). Tirando ele e Siufi, os outros três são fieis escudeiros de Puccinelli, que também não é carta fora do baralho.

Diante de tantas opções, Marquinhos teme repetir histórias de ex-peemedebistas que ficaram no partido mas, na hora H, foram deixados de fora de disputas. Como exemplo, ele cita o ex-senador Valter Pereira que perdeu prévia interna e ficou de fora da corrida pela reeleição.

Mochi ainda tem esperanças de que Puccinelli conseguirá unificar o partido (Foto: Divulgação/assessoria/ALMS)
Mochi ainda tem esperanças de que Puccinelli conseguirá unificar o partido (Foto: Divulgação/assessoria/ALMS)

Além de Marquinhos, seu irmão Fábio Trad também está de saída do PMDB e adianta que Puccinelli não tem chance de fazer ele mudar de ideia. “Minha decisão de sair do PMDB é inegociável, irretratável e irreversível. Aguardo apenas a decisão do TSE sobre o quadro partidário brasileiro para concretizar o meu próximo passo na politica”, postou em rede social.

Ele disse que tem “muitas razões para sair”. “Até pedido expresso de desculpas de quem reconheceu que me prejudicou nas eleições em benefício de candidaturas de outros partidos. Em breve - e vocês serão os primeiros a saber - com absoluta transparência e clareza, anunciarei o caminho para uma nova jornada de minha atuação política”, completou.

Esperança - Apesar do clima de desconfiança, Mochi ainda tem esperança de unir o PMDB. Para ele, o caminho é o diálogo. Neste sentido, o dirigente apela para os correligionários procurar as instâncias internas, abrir os seus projetos políticos para tentar buscar apoio. “A intenção nossa é que eles fiquem, mas tem que ser um desejo deles também”, ponderou.

Mochi reconhece que tanto Marçal quanto Marquinhos tem “musculatura eleitoral” para concorrer a prefeito. Ele, porém, adianta que só isso não basta. “Tem uma série de questões que envolve, como a liderança, a unidade, projetos políticos afinados, pesquisa é apenas um componente”, ressaltou.

Procurado pelo Campo Grande News, André Puccinelli estava com o celular desligado e não retornou as ligações até a publicação da matéria.

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