Gaeco já gravou telefonemas e pediu quebra dos sigilos bancário e fiscal
Embora tenha se negado a revelar o foco da investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), alegando que ela está sendo conduzida sob “sigilo”, o advogado dos vereadores do PT do B, Waldir Custódio, revelou que o promotor Marcos Alex Vera pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal dos investigados e já tem provas a partir de interceptações telefônicas.
Indagado se a investigação será longa, em razão desse pedido aos bancos e também em razão do número de testemunhas que ainda deverão ser convocadas, possivelmente boa parte dos 23 vereadores que apoiam o prefeito Gilmar Olarte (PP) na Câmara, o advogado respondeu: “Pediu a quebra de sigilo bancário e fiscal e por experiência sei que Receita Federal e o Banco Central demoraram de 60 a 90 dias para dar esse tipo de informação”.
Quanto à interceptação telefônica, questionado se ela também abrangeu vereadores, Waldir Custódio declarou: “A interceptação telefônica acontece sobre um número alvo. Todos os diálogos começam a ser gravados”.
Provocado, então, a informar se o principal foco da investigação do Gaeco era o prefeito Gilmar Olarte, tendo em vista que os pedidos de prisão e busca e apreensão foram feito ao Tribunal de Justiça, que é foro privilegiado de prefeito, o advogado respondeu afirmativamente no começo, mas depois observou que ainda não é possível dizer quem é o alvo mais relevante. “Isso esta claro... mas o Gaeco pode estar investigando alguém ligado a ele”, disse, ponderando que o prefeito pode até nem figurar na peça acusatória do Ministério Público Estadual.
Mais vereadores – O advogado Waldir Custódio também considerou que ficou evidente durante o depoimento de seus três clientes, os vereadores do PT do B da Capital, que mais membros da Câmara deverão ser convocados a testemunhar no procedimento aberto pelo Gaeco.
“Tem 23 vereadores que podem ser investigados. Pode existir convocação para cada um deles. Isso ficou claro. Mais serão chamados”, informou Custódio. O número apontado por ele é a mesma quantidade que apoiou a cassação de Alcides Bernal (PP) e que hoje apoia o governo de Gilmar Olarte.
Waldir Custódio assegurou, porém, os vereadores Flavio Cesar, Otávio Trad e Eduardo Romero, do PT do B, não estão sendo investigados, tendo apenas colaborado nas investigações do Gaeco. “Posso garantir que a chamada desses três vereadores não tem nada a ver com ato de improbidade. Foi realmente para prestar esclarecimento ao Ministério Público, para ter mais elementos na investigação”, disse.
Instado a revelar se o promotor Marcos Alex Vera fez alguma pergunta sobre a coalizão de governo montada por Olarte e sobre a participação dos vereadores do PT do B com indicação para cargos ou outro tipo de benesse, o advogado respondeu negativamente. “Não teve questionamento sobre isso. Até porque formar coalizão de governo não é crime”, argumentou.
Investigados - Até agora o Gaeco já admitiu que estão sendo investigados o prefeito Gilmar Olarte, em cuja residência foram apreendidos documentos no dia 11 de março, e o ex-assessor Ronan Feitosa, que chegou a ser preso e ouvido pelo promotor Marcos Alex Vera em São Paulo (SP).
Já convocou como testemunhas os três vereadores ouvidos ontem e convocou para depor o ex-assessor legislativo Ismael Faustino, o secretário municipal de Governo de Olarte, Rodrigo Pimentel, e o presidente regional do PT do B, Morivaldo Oliveira, que deve prestar esclarecimento amanhã, às 9h30, no Gaeco.