Lula era o "comandante máximo" do esquema de propinas, afirma MPF
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi apontado como o “comandante máximo”do esquema de corrupção investigado durante a Operação Lava Jato. Conforme o procurador do MPF (Ministério Público Federal) Deltan Dallagnol, o esquema de propinas servia para alcançar a governabilidade mediante a corrupção, alcançar a manutenção do Partido dos Trabalhadores no poder, juntando recursos para campanhas e enriquecendo os envolvidos.
Em entrevista na tarde desta quarta-feira (14), Dallagnol afirma que o ex-presidente recebeu R$ 3,7 milhões e garante que há 14 conjuntos de provas contra ele. As investigações mostram que todo o esquema movimentou R$ 6,2 bilhões, gerando à Petrobras um prejuízo de R$ 42 bilhões.
Além de Lula, conforme o Portal G1, foram denunciados a esposa dele, Marisa Letícia; o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro; o arquiteto e ex-executivo da empresa Paulo Gordilho; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; o ex-executivo da OAS Agenor Franklin Magalhães Medeiros; o ex-presidente da OAS Investimentos Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS.
Dallagnol afirma que o esquema ilegal se estendia a outras empresas e órgãos públicos, como Eletrobras, Caixa Econômica e os ministérios do Planejamento e da Saúde.
Também foram comprovadas pelas investigações o repasse de recursos a partir da OAS para Lula por meio da reforma do triplex no Guarujá e um contrato de armazenamento de bens pessoais, um contrato falso firmado pela OAS como se fosse dela e não de Lula.
“Soma-se a isso o fato de que os pagamentos da armazenagem dos bens pessoais pertencentes a Lula foi assumida por empresa que se beneficiou diretamente dos ilícitos praticados em desfavor da Administração Pública Federal, notadamente da Petrobras, e tinha uma dívida de propinas com esquema de governo e partidário”, afirmou Dallagnol.
De acordo com a Polícia Federal, a OAS pagou por cinco anos (entre 2011 e 2016) R$ 21,5 mil mensais para que bens do ex-presidente ficassem guardados em depósito da empresa Granero. Os pagamentos totalizam R$ 1,3 milhão. Ainda segundo a PF, o montante corresponde a vantagens indevidas pagas pela Construtora OAS em benefício de Lula.
A situação gerou um esquema que o procurador chamou de “propinocracia”. Ele ressalta que Lula é a “peça central” da Lava Jato e pede o bloqueio de R$ 87 milhões e ressarcimento de mais R$ 87 milhões.
O advogado Edward de Carvalho, que defende Léo Pinheiro e Agenor Franklin Magalhães Medeiros; e Cal Garcia, que representa Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, disseram ao Portal G1 que não vão se manifestar.
Já a defesa de Okamotto emitiu nota dizendo que não houve lavagem de dinheiro e que o Ministério Público criou uma corrução em que não há vantagem ilícita. O valor, segundo ele, é pago para conservação de um acervo considerado patrimônio cultural brasileiro e de interesse público, tendo a nota fiscal sido emitida em nome da empresa que contribuiu com o trabalho, a OAS< não havendo qualquer falsidade.