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Política

Mesmo sem renda compatível, Giroto e mais 2 compraram 3 fazendas, diz MPE

Aline dos Santos | 07/12/2015 10:39
Giroto foi denunciado por irregularidades em obra na MS-228.  (Foto: Fernando Antunes)
Giroto foi denunciado por irregularidades em obra na MS-228. (Foto: Fernando Antunes)

A denúncia de desvio de dinheiro público na MS-228 também aponta patrimônio incompatível de servidores públicos. Conforme a força-tarefa do MPE (Ministério Público do Estado), que apura irregularidades a partir da operação Lama Asfáltica, Edson Giroto (ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal), o engenheiro João Afif Jorge (servidor público) e a médica Mariane Mariano de Oliveira (filha do servidor Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Paranaíba) são sócios em três fazendas.

Conforme os registros, os imóveis rurais foram adquiridos por R$ 7,4 milhões. “Todavia, aparentemente e segundo levantamento preliminares, as referidas propriedades apresentam valor de mercado muito superior aos registrados em cartório. Como se não bastasse, dados ainda iniciais apontam que tais aquisições são incompatíveis com os subsídios dos referidos servidores públicos, de sorte, que há fortes indícios, ao menos até o momento, de que sejam proveito de ilícito”, aponta o relatório da força-tarefa.

A fazenda Vista Alegre, no município de Rio Negro, foi adquirida em 2008 pela quantia de R$ 1.730.000,00. Localizada em Corumbá, a fazenda Maravilha foi comprada em 2013 por R$ 5,1 milhões. A fazenda Rio Negro, no município de Rio Verde de Mato Grosso, custou R$ 605.632,08 e foi comprada em 2013.

Para o MPE, a aquisição conjuntas das propriedades rurais mostra a proximidade dos envolvidos. “Há que se considerar que imóveis rurais representam verdadeiro negócio jurídico na área do agronegócio, o que exige de seus sócios/proprietários total harmonia e afinidade em sua condução, fator este que reforça a ligação entre os servido subordinados ao então Chefe da Secretaria de Obras, o ora denunciado Edson Giroto”, informa a denúncia.

Na ação, o Ministério Público denunciou 11 pessoas pelo desvio de R$ 2,9 milhões na obra da MS-228, em Corumbá. O serviço foi executado pela Proteco Construções Ltda. A força-tarefa foi criada após a operação Lama Asfáltica, deflagrada em 9 de julho pela Polícia Federal. A investigação apura superfaturamento em obras com recursos federais. Uma delas é a MS-430, entre São Gabriel do Oeste e Rio Negro. Também executada pela Proteco, a obra beneficia a região onde está localizada a fazenda Vista Alegre.

As defesas de Edson Giroto e Beto Mariano informam que não tiveram acesso à denúncia do MPE, que tramita na 1ª Vara Criminal de Campo Grande. “Está em sigilo absoluto, não sabemos de nada. Agora, se o MPE está fatiando e colocando isso deve ser responsabilizado”, afirma o advogado Valeriano Fontoura, que atua na defesa de Giroto.

“Não podemos nos manifestar, está em segredo de Justiça. A imprensa tem acesso e os advogados não”, diz Hilário Carlos de Oliveira, advogado de Beto Mariano. A reportagem não conseguiu contato com João Afif Jorge.

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