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Política

Sob investigação, MS-430 beneficia fazenda de alvos da Lama Asfáltica

Paulo Yafusso | 31/07/2015 19:19
Rodovia MS-430 é via de acesso a fazenda que, segundo a PF, pertence a Giroto e Beto Mariano
Rodovia MS-430 é via de acesso a fazenda que, segundo a PF, pertence a Giroto e Beto Mariano

O projeto de implantação e pavimentação da rodovia MS-430, num trecho de 54,035 km entre os municípios de São Gabriel do Oeste e Rio Negro, alvo de investigação da Operação Lama Asfáltica traz também algumas curiosidades, como se pode verificar nos relatórios das equipes da Polícia Federal e CGU (Controladoria Geral da União). Executada pela Proteco, a principal empresa da organização comandada pelo empreiteiro João Krampe Amorim dos Santos, a obra beneficia a região onde está localizada a Fazenda Vista Alegre, com 1.02 hectares.

Conforme consta nos relatórios da investigação da Lama Asfáltica, a propriedade, que fica a 19 km de Rio Negro, foi comprada por R$ 1.730.000,00. Está em nome de Mariane Mariano de Oliveira, mas seria do pai dela, Wilson Roberto Mariano de Oliveira (Beto Mariano), em sociedade com o ex-secretário Estadual e Obras e ex-deputado Federal Edson Giroto, o irmão dele, Fernando Giroto, e o servidor público estadual, João Afife Jorge.

Beto Mariano é ex-deputado estadual, ex-prefeito de Paranaíba e fiscal da Agesul (Agência Estadual de Empreendimentos). Foi afastado por um prazo de 60 dias por determinação da Justiça, no último dia 9, quando da realização da Operação Lama Asfáltica.

O extrato de contrato 075/2013, publicado na página 18 do Diário Oficial do Estado do dia 3 de maio de 2013, mostra que para a execução do lote 02 do projeto, que corresponde a implantação e pavimentação de 10 km da MS-430, a Proteco receberia R$ 20.479.397,25. Mas os técnicos observam que, assim como todo contrato envolvendo o Governo do Estado e a Proteco, esse também sofreu aditivos. À margem da rodovia, as placas indicam que o projeto conta com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A presença de máquinas e operários na rodovia fez com que o Governo passasse a receber pedidos de fazendeiros da região para a realização também de serviços que beneficiassem suas propriedades. Numa das gravações feitas com autorização da Justiça Federal em novembro do ano passado, um homem chamado Etinon liga para Beto Mariano falando dos pedidos de dois fazendeiros. Sobre um dos pedidos, Etinon diz: “Esse trem está a 30 quilômetros pra lá do final do nosso e tem uns dois quilômetros para fazer...”. A resposta de Mariano e curto e grosso: “Então não faz ué”.

Também em novembro passado, Beto Mariano conversa com Tatiana Silva da Cunha Pifer, na época Auditora-Geal do Estado. Ela fala que tem máquinas trabalhando na região e pergunta se haverá melhorias na estrada próximo a sua propriedade. “E naquela partezinha minha lá, você e Giroto não vão fazer nada não, naquele negócio lá?”. A resposta do servidor da Agesul é animadora: “Acho que não vai ter problema não, tá, nós vamos passar por lá agora até entregar o governo nós vamos estar por lá...”.

Em vistoria “in loco” feita por peritos da Polícia Federal no início deste ano, foram encontradas irregularidades. O relatório aponta que foram constatados a existência de serviços medidos/pagos com quantidade e/ou qualidade inferior ao efetivamente executados, o que gerou um prejuízo calculado de R$ 4.019.538,61, o que representa uma diferença de 17,18% entre o valor inicial e final do contrato.

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