"Mostrei e mostraria o porte que eu conquistei", diz Catan sobre tiros em sessão
João Henrique Catan (PL) conseguiu aprovação de projeto para facilitar porte de armas a atirador desportivo
O deputado estadual João Henrique Catan (PL), que ontem (17) descarregou revólver em um estande de tiros ao defender projeto de lei, durante participação remota na sessão da Assembleia Legislativa, foi criticado pelos colegas e usou a tribuna para defender sua atitude hoje (18).
Catan não respondeu aos questionamentos, mas foi à tribuna se defender. A princípio, trouxe outro assunto. O deputado partiu para o ataque dizendo que há fantasmas nos gabinetes, que teve até CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no passado sobre isso. Mas depois de trazer à tona assunto antigo, falou sobre o caso.
"Mostrei e mostraria o porte que eu conquistei com muito esforço. O projeto não tem nada a ver com uma picuinha ou alegação aqui nesta Casa", disse. Catan falou novamente sobre comunismo e reforçou que, em sua opinião, o porte de armas evita invasões de terras e residências. Catan deixou a sessão pouco depois da votação do projeto, mas permaneceu na Assembleia Legislativa.
O Projeto de Lei 417/2021, de autoria dele, que dispõe sobre o reconhecimento do risco da atividade de atirador desportivo em Mato Grosso do Sul, foi aprovado em redação final com cinco votos contrários e 15 favoráveis. O projeto é para contribuir com os interessados em retirar o porte de armas para que tenham o direito de circular em qualquer lugar armados e não somente ter a posse.
Durante a votação e antes de fazer os disparos ontem, Catan disse “esse projeto é um tiro de advertência no comunismo e na mão leve que assaltou esse País, por isso, senhor presidente, uma salva de tiro, uma salva de sim”. Em seguida, foi advertido pelo presidente da Assembleia, deputado Paulo Corrêa (PSDB). “Não pode fazer isso, é um exagero”, disse Corrêa, surpreso com a atitude.
Avô comunista? – Hoje, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) disse que o colega estava "brincando de bang bang" e lembrou que o avô de Catan, o ex-governador Marcelo Miranda Soares, foi superintendente do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no Estado no governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. "Seu avô foi superintendente do Dnit, do comunista Lula. Seu avô é comunista?"
O deputado Amarildo Cruz (PT) também reclamou da atitude. O parlamentar disse que quem defende "dignidade humana, saúde, teto e educação para os filhos" é chamado de comunista.
"A mesa diretora vai ter que pronunciar, porque conversando com vários colegas a indignação é grande. Quantas pessoas se sentem ameaçadas ao se deparar com essa manifestação? Existe ignorância ou má-fé sobre o termo comunista, porque quem estuda sabe o que é, mas querer imputar a alguém coisa que não é. Eu nunca fui comunista e não conheço nenhum aqui na história dessa Assembleia", disse o petista.