Mulheres são 52% do eleitorado, mas minoria na disputa por mandatos
Sem nenhuma candidata ao governo e apenas uma ao Senado, espaço ainda pequeno para as mulheres
Com a maioria do eleitorado feminino, as mulheres ainda ocupam espaço pequeno na política de Mato Grosso do Sul, não tendo nenhuma candidatura ao governo, apenas uma ao Senado e só preenchem os 30% das vagas na eleição proporcional (deputados) porque é uma exigência da Justiça Eleitoral. Consegue ser maioria somente para o cargo de vice-governadora.
Para disputa ao governo estadual, não tem nenhuma mulher concorrendo entre os seis candidatos no Estado. A única representante seria a senadora Simone Tebet (MDB), no entanto ela desistiu do pleito por “motivos particulares” no último domingo (12), faltando três dias para o registro das candidaturas, no seu lugar ficou o deputado Junior Mochi (MDB).
No confronto em busca das duas vagas ao Senado, em um grupo de 13 candidatos, apenas a advogada Soraia Thronicke (PSL) vai para disputa, em uma chapa “avulsa”, sem pertencer a nenhuma coligações. A situação só se inverte quando se analisa as candidatas a vice-governadora, que são quatro contra apenas dois homens.
A justificativa dos partidos neste caso, é a tradicional da “chapa mista”, feita justamente para atender e atrair o público feminino, além de verba para o fundo eleitoral, no entanto na maioria dos casos tem um candidato homem como “cabeça de chapa”. Estão nesta situação: Tânia Garib (MDB), Luciene Silva (PT), Ana Maria Bernadelli (Rede) e Diná Freitas (PSOL).
Cenário - Nas 13 vagas de 1° suplente ao Senado, que será o nome imediato a assumir o cargo em Brasília - se houver cassação ou saída do titular - apenas uma mulher foi escolhida: Meire Aparecida Faria (PMB), indicada pelo candidato Dorival Betini (PMB).
Só existe divisão igualitária na candidatura para 2° suplente de Senado, com sete mulheres de 13 nomes. São elas: Gislaine Aparecida Rocha (PMB), Daniela Weiler Wagner Hall (PSD), Giselle Marques de Araújo (PT), Lucianne Valeria Pina Bluma (PV), Maria Emília Ramalho Sulzer (MDB), Niágara Patrícia Gauto (PTC) e Terezinha Basé de Lima (DEM).
Exigência – A situação não muda quando a eleição vai para os cargos de deputado federal e estadual em Mato Grosso do Sul, quando se chega apenas a cota de 30% dos candidatos, que é exigência da Justiça Eleitoral, na hora da entrega das chapas para registro. O espaço político ainda é mínimo para o público que tem mais eleitores.
Dos 344 candidatos a deputado estadual, 103 são mulheres, enquanto que na disputa federal são 119 concorrentes, com apenas 35 candidatas. De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Mato Grosso do Sul tem 1.877.982 eleitores, sendo que 52,1% são mulheres e 47,9% homens.
Cultura – De acordo com a subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Luciana Azambuja, esta falta de espaço na política, faz parte de um “ambiente cultural” de muitas décadas, de que este assunto “teria que ser conduzido pelos homens” e que infelizmente até hoje tem seus reflexos na sociedade atual.
As deputadas Mara Caseiro (PSDB) e Antonieta Amorim (MDB) eram defensoras em nível estadual, de uma nova lei federal que exija ao menos 30% da cadeiras para as mulheres no Congresso Nacional. “Somos hoje 51% do eleitorado, teríamos que ter 50% das cadeiras, mas vamos buscar esta mudança de forma gradual”, diz Mara.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou que o Brasil está na 154° posição de representação de mulheres na política, apesar de serem 44% dos filiados nas legendas. Esta situação pode ser vista na Assembleia Legislativa, que de 24 deputados, tem apenas três mulheres. Já na Câmara Municipal de Campo Grande a situação é pior, são três de 29 parlamentares.