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Política

“Neste momento todos os partidos têm pesquisas em mãos”, diz cientista social

Faltando menos de um ano para a escolha de novos vereadores e prefeitos, partidos colocam nomes à prova

Por Danielly Escher | 20/11/2023 07:07
Aruaque Fressato, cientista social, durante entrevista sobre pesquisas eleitorais (Foto: Paulo Francis)
Aruaque Fressato, cientista social, durante entrevista sobre pesquisas eleitorais (Foto: Paulo Francis)

Pesquisas eleitorais às vésperas da votação nas urnas são comuns, mas além da divulgação sobre a posição dos candidatos na disputa, estes levantamentos são usados para planejamento e muitas vezes ficam restritos a quem encomendou os dados. “Nenhum partido ou grupo político se baseia em achismo”, diz Aruaque Fressato Barbosa, formado em comunicação, graduado em filosofia, ciências sociais e há quase 20 anos atuando na área de pesquisas eleitorais. Segundo ele, neste momento, todos os partidos estão com pesquisas em mãos definindo quais rumos tomarem para as eleições do ano que vem.

Os partidos buscam informações detalhadas sobre a percepção dos eleitores, grau de conhecimento, ideologia, rejeição e principalmente o perfil de candidato que o eleitor quer votar. Dados sobre a viabilidade das pré-candidaturas, se os nomes são conhecidos, aprovados ou rejeitados e o motivo disso.

O candidato pode não ser conhecido, mas se tem o perfil que o eleitor quer, pode ser que o partido decida investir nele”, destaca o cientista social.

Segundo Aruaque Fressato, os partidos querem saber, acima de tudo, “como está neste momento a cabeça do eleitor e tem que provocá-lo, já que muita gente nem sabe que terá eleição ano que vem, nem está pensando em política. A grande maioria não lembra em quem votou para vereador, prefeito ainda lembram como muito esforço, a gente tem que provocar bastante”.

O comunicador afirma ainda que é preciso levar em conta o que ficou da eleição passada, tão polarizada que acabou influenciando todas as camadas da população. “Os partidos querem saber como está aprovação do Lula, dos governadores, dos atuais prefeitos, tudo isso influencia”, explica.

De acordo com o pesquisador, as notícias falsas geraram muita confusão e os reflexos disso estão nas ruas: “Ainda tem a descrença com relação às próprias pesquisas. As pessoas dizem que nunca foram entrevistadas, por isso duvidam, mas a gente trabalha com amostragem”. Para Aruaque Fressato é importante considerar que a opinião pública pode mudar de um dia para o outro.

Pais, amigos, redes sociais, fake news. Tudo isso pode influenciar e muitas vezes as pessoas questionam o resultado das pesquisas por conta disso, mas naquele momento que a gente perguntou a pessoa pensava de um jeito, minutos depois o cenário pode ser diferente”, explica o pesquisador.

Ainda de acordo com o cientista social, existem vários tipos de metodologia para as pesquisas de opinião. Ele explica que os levantamentos quantitativos podem ser feitos com três tipos de coleta de dados: presencial, conhecido como “face a face”, indo até as casas das pessoas para fazer entrevistas, por telefone ou com questionários on-line. Neste último caso, tem empresa que usa robôs para o trabalho.

Em cidades com mais de 100 mil habitantes, como Campo Grande, o pesquisador diz que é importante fazer em torno de 2.500 entrevistas para se ter um levantamento com margem de erro baixa, entre dois e cinco por cento.

Existem ainda as pesquisas qualitativas que, segundo Aruaque Fressato, são cada vez mais encomendadas pelos partidos políticos. “Neste caso não há números como na quantitativa, o importante é percepção, comportamento, tendência”. Por isso este tipo de levantamento é baseado na reunião de grupo de pessoas de determinado perfil para um bate-papo com um mediador. O consenso da maioria é levado em conta para conclusões e não a opinião individual.

A gente mostra um candidato e pergunta, por exemplo, se acham que ele passa confiança, se pode ser um bom gestor, se tem capacidade para governar. Os levantamentos ainda podem trazer dados de quais caminhos o candidato deve seguir para crescer nas pesquisas", explica o pesquisador.

Questionado se um candidato pode ser “fabricado” usando informações de pesquisas, Aruaque diz que antes das redes sociais isso tinha uma chance maior de acontecer, agora é possível buscar informações na internet trazendo à tona o passado da pessoa. Mesmo assim, dados de pesquisas trazem detalhes que direcionam até o jeito de um candidato falar.

“Opiniões sobre discurso, posicionamento e até jeito de vestir são reveladas e nas mãos de um bom marqueteiro pode fazer muita diferença”, finaliza.

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