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Política

Olarte não está envolvido com "golpe de cheque em branco", diz advogado

Antonio Marques | 19/05/2015 20:48
O advogado do prefeito Gilmar Olarte, Jail Azambuja, disse que o nome seu cliente foi usado por Ronan Feitosa (Foto: Fernando Antunes)
O advogado do prefeito Gilmar Olarte, Jail Azambuja, disse que o nome seu cliente foi usado por Ronan Feitosa (Foto: Fernando Antunes)

O advogado do prefeito Gilmar Olarte (PP), Jail Azambuja, em visita à redação do Campo Grande News, no final da tarde de hoje, 19, afirmou que seu cliente não tem relação alguma com o escândalo do “cheque em branco”, divulgado no domingo no programa Fantástico, da Rede Globo. “Não existe cheque em branco e Olarte teve o nome usado por Ronan Feitosa de Lima”, declarou.

Segundo Azambuja, o programa apresentou “abordagem diferente e imprópria” se considerado os autos do processo de investigação que o Ministério Público Estadual (MPE) encaminhou denúncia ao TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Ele ressaltou que não há referência a cheques em branco e que o programa de TV teria sido sensacionalista ao questionar "se as pessoas dariam um cheque em branco a um político."

Conforme Azambuja, Ronan Feitosa, foi pastor da Igreja ADNA (Assembleia de Deus Nova Aliança) entre os anos de 2008 e 2009, quando Olarte abriu um novo templo na Rua Calógeras, na Capital, e colocou Ronan como responsável. Porém, de acordo com uma ata de assembleia ordinária de nº 3, de 29/09/2009, da ADNA, apresentado pelo advogado, consta que Ronan Feitosa foi expulso da igreja por problemas de relacionamentos com os frequentadores, comparecer sob efeito de bebida alcoólica no templo e emprestar dinheiros de irmãos de igreja.

Jail afirmou que cópia desta ata foi entregue ao MPE em agosto de 2014, quando Gilmar Olarte foi ouvido no TJ-MS, mas estranhou que não foi incluído nos autos do processo. Ele revelou que a partir da expulsão de Ronan Feitosa da igreja, seu cliente perdera o contato com o mesmo.

O retorno de Ronan para o convívio de Gilmar Olarte teria acontecido na ocasião em que seu cliente foi indicado candidato a vice-prefeito nas eleições de 2012. Ronan, que também seria músico, teria participado de uma reunião em que a cúpula da campanha do Partido Progressista, que tinha como candidato a prefeito Alcides Bernal (PP). Na ocasião, Ronan apresentou um jingle direcionado ao segmento dos evangélicos e que teria sido aprovado pelos candidatos.

Segundo o advogado, que ressaltou estar relatando apenas o que disse Olarte em depoimento ao Tribunal de Justiça, Ronan começou a trabalhar na campanha do PP como coordenador do segmento evangélico, mas não teria sido apresentado por Gilmar Olarte.

Cheques - de acordo Azambuja, Ronan Feitosa começou a pedir os cheques em outubro de 2012, o primeiro com data de emissão do dia 12 daquele mês, bem no período entre o primeiro e segundo turnos da eleição municipal. O documento no valor de R$ 770,00 foi pré-datado para 20/12/2012. O advogado disse que se tratava de arrecadação para a campanha política. No processo do MPE o último cheque é datado de agosto de 2013.

O advogado lembra que a grande maioria dos cheques recolhidos no processo tem valores abaixo de R$ 1.000,00, mas também teria alguns de R$ 5.000,00 e até R$ 15.000,00. Azambuja disse que os cheques somam ao todo cerca de R$ 137 mil, que teriam sido trocados com cinco agiotas. “Desconheço os valores que foram apresentados por Salem Pereira Vieira na reportagem da TV”, afirmou.

Para Azambuja, Ronan usou o nome do Olarte para emprestar os cheques de terceiros e trocá-los com os agiotas. Pelo menos uma das pessoas que cederam as folhas e um agiota eram membros da igreja do pastor Gilmar Olarte.

Sobre a nomeação de Ronan Feitosa na Prefeitura, Azambuja disse que foi algo natural entre as pessoas que trabalharam na campanha política e que vários pastores evangélicos reforçaram o pedido para nomeá-lo. Não teria sido um pedido exclusivamente do vice-prefeito. Ronan foi contratado em cargo de comissão para a Secretaria de Governo.

Com o passar do tempo, os agiotas foram depositando os cheques, que não foram pagos pelos bancos por falta de dinheiro nas contas correntes. Com isso, começaram as ameaças aos donos dos documentos e ao próprio Ronan, que precisou se afastar de Campo Grande, relatou o advogado.

Prefeito - Como Gilmar Olarte assumiu o Executivo no início de 2014, com a cassação de Bernal, os agiotas começaram a cobrar o prefeito, uma vez que não conseguiam receber de Ronan. Azambuja lembrou que no processo os agiotas não dizem que o dinheiro foi entregue ao Gilmar Olarte, apenas Salem Vieira chegou a dizer que viu Ronan repassar às mãos de Olarte.

O advogado disse que, ao ser procurado, o prefeito sabia das ameaças que Ronan estava recebendo, e que tentou “dar esperança de recebimento dos valores para evitar a morte e represálias à família de Ronan”. Segundo o advogado, na igreja evangélica “nunca o irmão deixa de ser ovelha do pastor”, referindo-se a relação entre fiel Ronan e o pastor Olarte.

Jail reiterou que o prefeito não poderia ficar atendendo os cobradores de Ronan, por isso teria solicitado ao secretário de Governo Rodrigo Pimentel que tratasse do assunto com os agiotas, como forma de proteger Ronan e a família. “Gilmar Olarte jamais pagou qualquer valor correspondente aos cheques, por considerar que não era responsável por tais dívidas”, enfatizou.

O advogado fez questão de ressaltar que o prefeito Gilmar Olarte foi investigado pelo Ministério Público, que ofereceu a denúncia ao Tribunal de Justiça. Por sua vez o Tribunal está analisando o inquérito para decidir se acata ou não a denúncia. “Se o Tribunal acatar aí, sim, o prefeito Olarte passará a responder ao processo”, explicou.

Segundo Jail Azambuja, a matéria do Fantástico, da Rede Globo, foi sensacionalista (Foto: Fernando Antunes)
Segundo Jail Azambuja, a matéria do Fantástico, da Rede Globo, foi sensacionalista (Foto: Fernando Antunes)
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