Prefeito deu o "golpe do cheque em branco", diz TV; Olarte nega denúncia
Polêmica reportagem do Fantástico, programa da Rede Globo, divulgada, na noite deste domingo (16), denúncia o prefeito Gilmar Olarte (PP) de dar “golpe do cheque em branco” em eleitores campo-grandenses. A matéria tem como base investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O prefeito nega as denúncias de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A reportagem começa forte, acusando Olarte de enganar eleitores. “Acreditaram na promessa de um político e receberam dívidas e ameaças”, anuncia o apresentador na chamada da matéria. “Minha vida mudou drasticamente e virou um caos”, relata umas das vítimas, que somou dívida de R$ 110 mil e não teve o nome divulgado.
Segundo a reportagem, tudo começou na campanha eleitoral de 2012, quando o atual prefeito pediu os cheques em branco para bancar “viagens ao interior” e “para fazer contatos”. Só uma das vítimas teria emprestado 25 folhas e outra, 10. O prejuízo seria de cerca de R$ 1 milhão.
No comando das investigações, o MPE (Ministério Público Estadual) disse ao Fantástico que Ronan Edson Feitosa de Lima fazia as articulações em nome do prefeito. Em troca, ele prometia cargos na prefeitura e vitória em licitações. “Quem emprestou ficou com conta zerada e recebeu ameaças de agiotas”, contou o Fantástico sobre as supostas vítimas.
Em março de 2013, quando virou prefeito, no lugar de Alcides Bernal (PP), Olarte ainda não teria pago a dívida e os agiotas passaram a cobrar dele o dinheiro. Salem Pereira Vieira, um dos agiotas, confirmou ao Fantástico a denúncia. “Vi que era golpe e passei a cobrar (do prefeito)”, conta.
Em uma das oito mil gravações do MPE, Olarte diz: “vou delegar uma pessoa para organizar e começar a acertar”. Até o irmão de Ronan o acusa em um dos áudios. “É a pessoa do pastor”, fala para deixar claro que o prefeito é o dono da dívida.
Em outra gravação, Olarte mostra força política. “Tenho um exército a meu favor, tanto do Estado, quanto do Município, da guarda (municipal), particular e da federal”, afirma.
Um áudio também revela suposta ameaça de advogado ligado ao prefeito, em uma orientação a um secretário de Olarte. “Não tem conversa, persegue o pai a mãe, se tiver que bater, bate”, sugere o advogado.
Defesa - Olarte se defendeu da denúncia em vídeo gravado e divulgado nas redes sociais antes da reportagem ser divulgada pela TV Globo. "É uma mentira, é criminoso e é um desrespeito a minha pessoa, a minha família e a nossa cidade", destacou na defesa, em que nega ter aplicado golpe nos eleitores.
"Nunca pedi cheque para ninguém, não há isso em lugar algum", afirmou. O prefeito procurou desqualificar a denúncia. "Tanto é falsa a matéria, que usaram pessoas anônimas, ninguém teve coragem de mostrar o rosto", pontuou. Ele lembrou que recebeu a equipe no gabinete, na quarta-feira passada, e respondeu a todas as perguntas. "Desmenti a todas acusações e acabaram me condenando sem qualquer prova", destacou.
"Só me resta o direito a indignação e o recurso da Justiça, único caminho que sobra para um homem de bem, quando sua honra enlameada de uma forma tão violenta, estúpida e sensacionalista como fez a Rede Globo com a minha pessoa", conclui.
O caso tramita na Sessão Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e o relator é o desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva. Além de Olarte, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) denunciou Ronan Edson Feitosa de Lima e Luiz Márcio dos Santos Feliciano.