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Política

Polícia e MPF investigam caixa dois na campanha de Marquinhos em 2014

Ricardo Campos Jr. | 13/09/2016 19:12
Empresário multado por doação irregular denunciou esquema de caixa dois na campanha de Marquinhos (Foto: Fernando Antunes)
Empresário multado por doação irregular denunciou esquema de caixa dois na campanha de Marquinhos (Foto: Fernando Antunes)

A Polícia Federal e o Ministério Público Eleitoral investigam a formação de caixa dois na campanha de Marquinhos Trad (PSD) para deputado estadual, em 2014.

O caso foi denunciado por Arnaldo Brito de Moura Junior, dono da 4 Rodas Som e Acessórios Ltda., que alega ter sido usado como laranja para que doações ilegais fossem regularizadas e pudessem constar na prestação de contas.

O empresário fez uma doação de R$ 50 mil para a campanha de Trad ao Legislativo. No entanto, acabou multado em R$ 244.849,25 pela Justiça Eleitoral, pois o valor repassado ao comitê era superior ao limite determinado pela lei, de até 2% do valor declarado no imposto de renda.

Moura Junior diz que o dinheiro entregue ao candidato não era dele. Conforme relatos apresentados à Procuradoria Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul, o valor fazia parte de R$ 200 mil recebidos por Marquinhos de outro empresário que não poderia aparecer na prestação de contas por já ter excedido o limite de doações.

Desta forma, conforme o denunciante, o dinheiro foi dividido em quantias menores depositadas em contas de terceiros e devolvidas como se elas estivessem contribuindo para a campanha.

O empresário diz que na época a irmã dele trabalhava no setor financeiro de Marquinhos e pediu que ele fornecesse os dados bancários para ajudar no esquema.

Extratos da conta da 4 Rodas Som e Acessórios Ltda anexados na denúncia apontam que R$ 50 mil foram creditados no dia 22 de agosto e o mesmo montante foi entregue em um cheque no dia seguinte.

Moura Junior disse ao Campo Grande News que foi procurado por uma pessoa que trabalhava na campanha de Marquinhos que, além de buscar a lâmina, pediu que ele assinasse um documento em branco que parecia um “holerite”, possivelmente o termo de doação exigido pela Justiça Eleitoral.

Compra de votos

O empresário também denunciou que o CNPJ da companhia foi usado na abertura de 30 linhas de telefones celulares distribuídos entre assessores de campanha e cabos eleitorais para, entre outras coisas, fazerem propaganda eleitoral por telemarketing, o que é vedado pela lei.

Além disso, a contratação dos planos não consta na prestação de contas de Trad, o que também representa uma irregularidade.

Moura Junior também afirma que o candidato comprou votos, tendo anexado na denúncia vários recibos que segundo ele provam a afirmação.

A prática, conforme o arquivo, “era rotineira, metódica e coordenada, sendo realizado o cadastramento dos eleitores dos bairros, subdivididos por região da cidade, em fichas com modelo próprio, numeradas, vistadas e assinadas pelos eleitores”, havendo inclusive o oferecimento de combustível, cuja despesa foi maquiada em contrato de aluguel de automóveis.

O empresário também diz que várias despesas de campanha de Trad não foram declaradas à Justiça Eleitoral.

Segundo ele, os dados da prestação de contas começam com um depósito bancário no dia 29 de julho, quando na verdade desde o início daquele mês haviam sido feitos vários pagamentos a fornecedores, conforme recibos que também foram anexados ao processo.

Os gastos envolviam, entre outras coisas, vale-transporte, materiais de limpeza, gráficas, entre outros.

Marquinhos Trad nega as acusações e diz ser vítima de perseguição política. Diz que todas as contas da campanha de 2014 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e a responsabilidade das doações, conforme a lei, é de quem as executou e não do candidato.

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