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Política

Pressionados, deputados chamam trabalhadores da JBS para reunião

Comissão formada por funcionários será recebida na presidência do Legislativo estadual ainda esta manhã para explicações sobre CPI

Anahi Zurutuza e Leonardo Rocha | 17/10/2017 10:58
Trabalhadores no saguão da Assembleia Legislativa (Foto: Marina Pacheco)
Trabalhadores no saguão da Assembleia Legislativa (Foto: Marina Pacheco)

Com o plenário, o saguão e o pátio da Assembleia Legislativa ocupados por empregados da JBS em Mato Grosso do Sul, deputados estaduais decidiram chamar os trabalhadores para uma reunião de emergência.

Uma comissão de representantes os funcionários e parlamentares sentarão juntos na sala da presidência da casa de leis, onde os deputados vão dar explicações sobre a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Irregularidades Fiscais de Tributárias e o bloqueio de R$ 730 milhões em bens e de ao menos uma conta bancária da JBS em Mato Grosso do Sul.

O deputado Pedro Kemp (PT) foi quem convocou a reunião de emergência. Ele defende que o bloqueio de bens, conquistado pela CPI na Justiça, seja mantido. “Entendo que este bloqueio de bens não interfere no pagamento dos funcionários. O juiz não iria bloquear recursos relacionados aos salários, ele teria esse bom senso”.

Com medo de ficarem sem salários e de demissões em massa, os trabalhadores lotaram o plenário – que tem 302 cadeiras, mas boa parte dos trabalhadores assiste à sessão em pé –, além de ocuparem o saguão e o pátio.

O deputado Paulo Corrêa (PR), presidente da comissão que investiga os incentivos fiscais concedidos pelo Governo do Estado para a JBS após o escândalo da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, “bate o pé” sobre o bloqueio de bens. Os funcionários chegaram a pedir que deputados tentem na Justiça reverter a liminar.

“Por mim, a gente não tira a ação. O responsável por pagar os salários é a JBS e isso não pode cair no colo do governo ou da CPI. O bloqueio é uma garantia que lá na frente a gente consiga o ressarcimento do Estado”, explicou.

Junior Mochi (PMDB), o presidente do Legislativo estadual, concorda com o deputado que comandou a CPI. “A Assembleia fez o que tinha de ser feito, resguardar os direitos do Estado. A empresa tem de cumprir com os compromissos dela”.

Já Rinaldo Modesto (PSDB), líder do governo na casa de leis, defende o desbloqueio de bens, se necessário. “Caso esse esteja interferindo nos valores dos salários, caberá a CPI pedir a Justiça a liberação de parte dos valores para pagamento de salários”.

Bloqueios - A 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais de Campo Grande bloqueou no dia 9 de outubro mais R$ 615 milhões da JBS. Somado aos R$ 115 milhões que já haviam sido bloqueados anteriormente, pela empresa não cumprir com suas obrigações, como empregos, investimentos em Mato Grosso do Sul e a CPI ter encontrado até irregularidades em notas fiscais que justificavam o acesso da indústria aos incentivos concedidos pelo governo.

Plenário lotado de trabalhadores durante sessão (Foto: Marina Pacheco)
Plenário lotado de trabalhadores durante sessão (Foto: Marina Pacheco)
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