Produtor de MS está entre 61 indicados a indiciamento em CPMI dos atos golpistas
Relatório final da CPMI do Senado Federal aprovado hoje, cita ainda órgão classista do Estado
Relatório final aprovado hoje no Senado Federal sobre a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas de 8 de janeiro pede indiciamento de 61 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De Mato Grosso do Sul, o pedido de indiciamento recai sobre o produtor rural e empresário do ramo têxtil, com loja em Campo Grande, Júlio Augusto Gomes Nunes.
Ele aparece como integrante do MBVA (Movimento Brasil Verde e Amarelo), junto com produtores rurais e empresários de Goiás, Paraná e Bahia, também indiciados. O empresário teria sido responsável, juntamente com os demais, em enviar caminhões para Brasília (DF) para os atos de 8 de agosto e também para os bloqueios rodoviários realizados logo após o resultado das eleições de 2022.
Informações da Abin à CPI são de que o MBVA “possui capacidade de mobilização nacional e organizou, desde o ano de 2019, atos em Brasília que contaram com deslocamento de máquinas agrícolas, caminhões e caravanas”, além disso, “os integrantes do MBVA agiram com o claro propósito de questionar a lisura do processo eleitoral e apoiaram a pauta golpista de intervenção militar pelas Forças Armadas”.
O relatório aponta Júlio Augusto Gomes Nunes como comerciante em Campo Grande e também como articulador do grupo e liderança de bloqueio também na Capital. Assim, para a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão, e demais 22 parlamentares que votaram sim ao relatório final, Júlio e os outros produtores “devem ser responsabilizados pelas condutas criminosas capituladas nos arts. 288 (associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado), todos do Código Penal”.
Nas redes sociais, Júlio se declara como "produtor rural, comerciante, tradicionalista, nacionalista, conservador, militante".
Famasul – em outro trecho do relatório, enquanto discorre sobre o que culminou no ato de 8 de janeiro, é citada a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). A página 529 do relatório, destaca “em Mato Grosso do Sul, o Sistema Famasul, que congrega 69 sindicatos rurais e a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja), informou, em comunicado nas redes sociais, que não teve expediente em apoio às manifestações “pacíficas e ordeiras” que ocorriam no País”. O comunicado é de 7 de novembro de 2022.
A citação não implicou em indiciamento da entidade ou de seus responsáveis. O contexto é de relatar os apoios verbais ou nas redes sociais à manifestação do dia 8, depois de discorrer sobre as ações em frente aos quartéis que começaram em 2 de novembro do ano passado, mas que culminaram no ato do começo deste ano.
A reportagem ligou e mandou mensagem para Júlio, que não atendeu as ligações nem respondeu as mensagens. À Famasul foi enviado e-mail e aguarda-se retorno. O espaço segue aberto para ambos.
Relatório - Depois de mais de sete horas de discussão, a CPMI do 8 de Janeiro aprovou, nesta quarta-feira (18), o relatório final da comissão. Por 20 votos favoráveis, 11 contrários e nenhuma abstenção, os parlamentares referendaram o parecer da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) pedindo o indiciamento de 61 pessoas, entre as quais o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mesmo sob pesado protesto da oposição, que votou contra o relatório final, o documento seguirá agora para os órgãos responsáveis pela persecução penal para que aprofundem e apurem as responsabilidades.
Durante as mais de 45 falas de parlamentares na reunião final, ficou evidente a divergência entre governistas e a oposição sobre os responsáveis pelos ataques aos palácios dos três Poderes no dia 8 de janeiro e em relação às possíveis omissões do governo federal para evitar a depredação dos prédios públicos. Enquanto a base do governo elogiou e classificou o relatório como “peça histórica em defesa da democracia”, os oposicionistas criticaram o documento, tachando-o de parcial e considerando que apresenta “erros graves” por ter se desviado do objeto determinado da CPMI.
Confira abaixo os 61 indicados a indiciamento:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
- Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa;
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército;
- Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército e ex-integrante da Ajudância de Ordens;
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército;
- Antônio Elcio Franco Filho, coronel do Exército;
- Jean Lawand Júnior, coronel do Exército;
- Felipe Martins, ex-assessor-especial da Presidência;
- Carla Zambelli, deputada federal;
- Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército e ex-integrante da Ajudância de Ordens;
- Marília Ferreira Alencar, diretora de inteligência do Ministério da Justiça;
- Sivinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal);
- Carlos José Russo Assumpção Penteado, general do Exército, então secretário-executivo do GSI;
- Carlos Feitosa Rodrigues, general de Exército, então chefe da Secretaria de Coordenação e Segurança Presidencial do GSI;
- Wanderli Baptista da Silva Junior, coronel do Exército, então diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI;
- André Luiz Furtado Garcia, coronel do Exército, então coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI;
- Alex Marcos Barbosa Santos, tenente-coronel do Exército, então coordenador-adjunto da Coordenação Geral de Segurança de Instalações;
- José Eduardo Natale de Paula Pereira, major do Exército, então integrante da Coordenaria de Segurança de Instalações do GSI;
- Laércio da Costa Júnior, sargento do Exército, então encarregado de segurança de instalações do GSI;
- Alexandre Santos de Amorim, coronel do Exército, então coordenador-geral de Análise de Risco do GSI; e
- Jader Silva Santos, tenente-coronel da PMDF, então subchefe da Coordenadoria de Análise de Risco do GSI;
- Fábio Augusto Vieira, policial militar;
- Klepter Rosa Gonçalves, policial militar;
- Jorge Eduardo Barreto Naime, policial militar;
- Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, policial militar;
- Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, policial militar;
- Flávio Silvestre de Alencar, policial militar;
- Rafael Pereira Martins, policial militar;
- Tércio Arnaud Tomaz, blogueiro e suposto participante do chamado Gabinete do Ódio;
- Fernando Nascimento Pessoa, blogueiro e suposto participante do chamado Gabinete do Ódio; e
- José Matheus Sales Gomes, blogueiro e suposto participante do chamado Gabinete do Ódio;
- Ridauto Lúcio Fernandes, general da reserva do Exército;
- Meyer Nigri, fundador da empresa Tecnisa;
- Adauto Lúcio de Mesquita, sócio da empresa Melhor Atacadista;
- Joveci Xavier de Andrade, sócio da empresa Melhor Atacadista
- Mauriro Soares de Jesus, sócio da empresa USA Brasil;
- Ricardo Pereira Cunha, procurador de Mauriro e integrante do grupo Direita Xinguara;
- Enric Juvenal da Costa Laureano, consultor da Associação Nacional do Ouro;
- Antônio Galvan, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Jeferson da Rocha, , integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Vitor Geraldo Gaiardo, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Humberto Falcão, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Luciano Jayme Guimarães, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- José Alípio Fernandes da Silveira, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Valdir Edemar Fries, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Júlio Augusto Gomes Nunes, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Joel Ragagnin, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Lucas Costa Beber, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- Alan Juliani, integrante do Movimento Brasil Verde e Amarelo;
- George Washington de Oliveira Sousa, condenado pelo atentado ao Aeroporto de Brasília;
- Alan Diego dos Santos Rodrigues, condenado pelo atentado ao Aeroporto de Brasília;
- Wellington Macedo de Souza, condenado pelo atentado ao Aeroporto de Brasília;
- Alexandre Carlos de Souza e Silva, policial rodoviário federal;
- Marcelo de Ávila, policial rodoviário federal;
- Maurício Junot, sócio de empresas envolvida em licitações da PRF.