Secretários evitam criticar demissões impostas por Nelsinho
Chamados pelo prefeito Nelsinho Trad de "desleixados, acomodados e descompromissados", os secretários municipais não quiseram fazer críticas públicas ao chefe do Executivo, mesmo depois de assinarem uma carta de demissão.
Alguns secretários se negaram a falar sobre o assunto, outros responderam que a demissão é um direito do prefeito e até elogiaram a atitude de Nelsinho, de cobrar publicamente melhoria do serviço público.
"O cargo é do prefeito, ele é o chefe", resumiu o titular da pasta de Obras, João Antônio De Marco.
Ele afirma que o prefeito generalizou nas declarações à imprensa, mas queria atingir apenas um secretário. "A generalização tem que ser feita. Mesmo que o recado tenha sido para um só", disse.
Já o Secretário de Governo e Relações Institucionais, Rodrigo de Paula Aquino, repetiu por três vezes que não sentiu nenhum constrangimento em ter de assinar a carta. “Todos assinaram”, ressaltou.
“Esse cargo é de nomeação do prefeito, Não senti qualquer constrangimento nisso. O objetivo é a melhora generalizada dos serviços”, afirmou.
Aquino disse ainda estar bastante tranquilo. “Acho que foi atitude oportuna (a declaração de Nelsinho). É uma medida bastante forte e eu tenho a convicção de que temos condições de melhorar, e muito”, disse.
Paulo Sérgio Nahas, secretário municipal de Controle Urbanístico, garante que recebeu as críticas “de uma forma natural”. Ele afirmou que Nelsinho sabe quem está “rendendo” e quem não está. “Eu particularmente estou fazendo o meu possível e o impossível”, afirmou.
Nahas afirmou que às vezes algum secretário se acomoda por ser fim de mandato e precisa de uma conversa. “É uma forma de dar uma melhorada. Qual é o primeiro encaminhamento? É reconhecer que tem alguma coisa errada. É isso que o Nelsinho fez”, disse.
“O cargo é do prefeito. Na sexta-feira, todos os secretários assinaram carta de demissão para o prefeito ficar mais tranquilo e acertar o secretariado da forma que ele quiser. Foi uma iniciativa nossa, para deixar ele mais à vontade. Agora, o nosso destino está nas mãos dele”, conta.
O Secretário de Saúde, Leandro Mazina, não quis comentar as declarações de Nelsinho, mas afirmou que continua trabalhando normalmente. “Como o cargo é de confiança, não posso falar do meu chefe”, explicou.
Maria Cecília Amendola da Motta, da pasta de Educação, atendeu a ligação do Campo Grande News, mas aos ser informada que o telefonema era de uma jornalista, desligou e não atendeu mais.
O Secretário Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Marcos Antonio Moura Cristaldo, não atendeu as ligações.
Entre os diretores de autarquias houve quem falasse sobre o assunto. O diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Rudel Trindade, chegou até a elogiar a postura do prefeito.
“Trabalhei em muitos cargos públicos e sei que o cargo sempre está à disposição do prefeito. Ele pode requisitar por motivo técnico ou político. A proposta do prefeito vem em um bom momento, falta um ano e meio só para acabar o mandato. Ele quer um gás a mais, um esforço redobrado para entregar a Prefeitura bem”, disse.
Rudel declarou até achar “natural” que no fim do mandato ocorram acomodações e que o prefeito critique os secretários. “Faço paralelo com uma professora, na escola, que ao final do ano pede para os alunos estudarem mais. Para mim, é salutar. Não me senti ofendido, apesar o prefeito ter generalizado, porque não me senti atingido”, afirmou.
O diretor-presidente da Emha (Empresa Municipal de Habitação), Paulo Matos, disse apoiar a atitude do prefeito de obrigar secretários e presidentes de autarquia a assinar o documento de demissão. “O cargo é dele. Eu, como companheiro, tenho que apoiar a atitude dele. É uma satisfação para mim fazer parte da administração”, afirmou.
Sobre as críticas feitas ao secretariado, Paulo Matos afirmou apenas não ter ouvido e que por isso não irá comentar.