Vereadores não podem ver policiais que entram em "pânico", diz Bernal
O prefeito Alcides Bernal (PP) disse agora pela manhã que o fato ocorrido na Câmara Municipal nessa quinta-feira, 22, que provocou a suspensão da sessão e, até “pânico” na Casa, conforme declarou o presidente Flávio César (PTdoB), é uma forma de os vereadores desviar o foco das investigações da operação Coffee Break, da qual a maioria é alvo e que eles não podem ver policiais que entram em pânico.
Durante a sessão de ontem, o vereador Airton Saraiva (DEM), após informado por um jornalista próximo do prefeito afastado Gilmar Olarte, ocupou o microfone para denunciar que havia dois policiais armados dentro do Plenário, o que é proibido pelo regimento interno da Casa. Ele pediu que o presidente tomasse providências para retirar os dois do local.
Imediatamente, Flávio César pediu a suspensão da sessão por cinco minutos e convocou os colegas para uma reunião para que os fatos fossem esclarecidos, uma vez que havia a desconfiança que os policiais estariam no local para dar segurança à vereadora Luiza Ribeiro (PPS).
Depois de quase meia hora, a sessão foi retomada e Flávio César comunicou que os policiais militares eram cedidos ao gabinete do Executivo e estariam ali a pedido do prefeito Alcides Bernal para dar proteção a Luiza Ribeiro, o que ela teria negado a eles durante a reunião.
Dentre as providências a serem tomadas, o presidente disse que iria registrar boletim de ocorrência na delegacia, o que aconteceu logo em seguida, e seria elaborado um requerimento para que o prefeito fosse à Casa junto com os policiais darem explicações aos nobres vereadores, em 24 horas. O requerimento foi aprovado ontem mesmo por unanimidade e ficou marcada uma reunião fechada para hoje, às 14 horas na sala de reuniões da presidência.
Bernal – Em entrevista nesta manhã ao programa Jornal das Sete, na FM UCDB, Bernal não economizou nas críticas contra os parlamentares. Disse que os vereadores não podem ver policiais que ficam em “pânico”. E que os militares que estavam na Câmara foram assistir a sessão como qualquer outra pessoa participa e que a arma é uma ferramenta de trabalho e que eles a utilizam para dar segurança.
Para o prefeito, todo o episódio foi criado para “desviar o foco das operações do Ministério Público”. Bernal disse que os dois policiais atuam na Ouvidoria Geral do município e estavam de folga ontem e “foram como qualquer outra pessoa assistir a sessão, como foi o professor na quarta-feira, que lá esteve e foi expulso pelos vereadores por expressar seu sentimento”, recordou o chefe do Executivo.
Bernal foi incisivo em dizer que a população está cansada desses fatos e que os vereadores estariam tentando reverter a situação do que foram acusados no processo da operação Coffee Break. “Chegamos ao limite do aceitável. É preciso colocar na cadeia aqueles que causaram prejuízos a Campo Grande”, afirmou.
O prefeito voltou a dizer que uma organização criminosa saqueou a prefeitura e deixou um rombo de mais de R$ 1 bilhão. “Deixaram buracos nas ruas da Capital e um enorme buraco nos cofres do município”, destacou Bernal, complementando que os vereadores estariam questionando o trabalho do MPE e do Judiciário. “Agora querem colocar no ringue a autoridade do Ministério Público e da Justiça. Não podemos aceitar isso”, reclamou.