Custo de vida assustou consumidores e mostrou como é caro viver em Campo Grande
Aluguel, energia, água e gasolina estão na lista de aumentos deste ano
Que atire a primeira pedra quem não reclamou de algum preço em 2023. Este ano foi de realizações, de retomada, mas também o ano em que o custo de vida foi nas alturas e assustou o campo-grandense.
Dos 365 dias, pelo menos, metade eu devo ter pensado em conta para pagar e como, literalmente, eu iria dar conta. Até acordava de madrugada, pegava a calculadora e somava os gastos daquele mês. Durante o dia, qualquer tempo que sobrava, lá estava eu com o meu caderninho, olhando as anotações. Primeiro o nome da dívida e depois o valor assustador.
A lista de gastos no mês não finda. Comida, água, energia, internet, aluguel, gasolina, remédio, escola, cartão de crédito. Aliás, esse é o checklist oficial de todo consumidor brasileiro.
Neste ano, nos deparamos com uma gangorra de preços. Em um mês, sobe; no outro, desce, dificultando a tão almejada organização financeira. Se por um lado as coisas ficam caras, por outro, o salário nem se mexe, prejudicando cada vez mais o poder de compra do consumidor.
Em resumo, se considerar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de janeiro a novembro deste ano, em Campo Grande, o cenário fica da seguinte forma:
Aluguel residencial com alta de 9,63%; educação, que inclui cursos, materiais de leitura e de estudo (8,06%); vestuário (3,89%); saúde e cuidados pessoais (5,23%).
Além disso, o metro quadrado residencial teve alta de 12,46% no ano; a energia foi reajustada em 9,28%; a água em 6,83%. O preço da cesta básica acumulou queda de 9,33%.
Em relação ao reajuste da mensalidade escolar, fica a critério de cada unidade aplicar o percentual. Em janeiro, o Campo Grande News apurou que o aumento da mensalidade variou de 2,63% a 25% em alguns colégios.
Apesar de a retrospectiva ser de 2023, esse já é um assunto que me tira o sono para o próximo ano, que ainda nem começou.
Faca na carteira - A começar pela comida, item principal para a sobrevivência. Conforme o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), apesar de a cesta básica acumular queda, de janeiro a novembro (9,33%), o conjunto de alimentos vendido em Campo Grande configura como o quinto mais caro entre as capitais, com o valor de R$ 682,97 até novembro.
Em relação à carne, começou o ano custando R$ 39,58; depois em fevereiro caiu para R$ 38,78; março (R$ 38,66); abril (R$ 38,05); maio (R$ 38,75); junho (R$ 38,88); julho (R$ 37,74); agosto (R$ 36,18); setembro (R$ 34,28); outubro (R$ 34,77); e novembro (R$ 34,58).
Segundo dados repassados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ainda no acumulado do ano, os cereais, leguminosas e oleaginosas tiveram aumento acumulado de 13,5%; arroz, 20,53%; tomate, 1,65%; açúcar, 6,21%; hortaliças e verduras, 18,75%; alho, 9,68%; pão francês, 3,07%.
A alimentação fora do domicílio acumulou aumento de 4,75%; refeição, 6,2%; lanche 2,53%; refrigerante e água mineral, 5,1%; cerveja, 2,89%; outras bebidas alcoólicas, alta de 4,43% no ano.
Nem os doces ficaram de fora. O sorvete, por exemplo, acumula aumento de 7,29%; balas, 8,07%; e chocolate em barra e bombom, 3,14%.
Para tentar economizar nas compras do mês, a alternativa que encontrei foi migrar para os mercados de bairro. Agora, nem isso tem me salvado mais.
Temos também a moradia, especificamente, o aluguel, que a cada ano tem reajuste. Ainda conforme o IBGE, a habitação aumentou 7,18% no ano; o aluguel residencial, 9,63%; e o condomínio, 7,13%.
Para quem está planejando comprar uma casa, saiba que o metro quadrado valorizou 12,46% em 2023, segundo o índice Fipezap. Com isso, Campo Grande é a sexta cidade do Brasil com maior valorização imobiliária.
Em novembro, a região do Prosa obteve o metro quadrado mais caro, custando R$ 8,5 mil. Em seguida está o Centro, R$ 5,8 mil; e o Bandeira, R$ 4,9 mil.
Sobre o valor da conta de luz. Esse é outro motivo que dá dor de cabeça para os moradores, ainda mais com a onda de calor. A tarifa de água e esgoto também teve reajuste, de 6,83%.
No dia 8 de abril, a conta de luz teve reajuste médio de 9,28% em Mato Grosso do Sul. O impacto foi de 6,28% para os consumidores de alta tensão; 10,48% para baixa tensão e 9,58% para residenciais.
Além disso, em outubro, por exemplo, teve consumidor que relatou alta de até R$ 300 devido ao calor intenso.
Já o preço da gasolina foi uma novela neste ano. Desde janeiro, já teve sete reajustes, sendo dois aumentos e cinco quedas nas distribuidoras. Em meio a essas alterações, o valor fixo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) também aumentou.
No dia 25 de janeiro, começou a valer o aumento de R$ 0,23 na gasolina, saindo de R$ 3,08 para R$ 3,31, nas distribuidoras. Já no dia 1° de março, reduziu R$ 0,13 nas distribuidoras, saindo de R$ 3,31 para R$ 3,18.
No dia 17 de maio, também teve queda de R$ 0,40 por litro, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78 por litro.
No entanto, a queda foi praticamente anulada, já que no dia 1° de junho começou a vigorar o ICMS fixo em todos os estados, de R$ 1,22. Em Mato Grosso do Sul, o aumento foi de R$ 0,30, porque antes o imposto estadual era de R$ 0,92.
Depois, no dia 15 de junho, teve queda de R$ 0,13 por litro nas refinarias, passando a ser de R$ 2,66 por litro.
No dia 29 de junho, voltaram a ser cobrados os impostos federais, que aumentou R$ 0,33, segundo estimativa da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes). No dia 30 de junho, foi anunciada redução de R$ 0,14 nas distribuidoras, passando a valer no dia 1° de julho.
No dia 16 de agosto, começou a valer o aumento de R$ 0,41 por litro nas distribuidoras. No dia 21 de outubro também teve queda, de R$ 0,12.
Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), na primeira semana de janeiro, a média da gasolina comum estava R$ 4,75, e na segunda semana de dezembro, R$ 5,32. Neste caso, aumento de 12%.
A verdade é que os aumentos são inúmeros, que se for listar todos aqui, ficaria até cansativo. Ao longo do ano, a gente nem percebe o tanto de gasto e de reajustes que tiramos do bolso para poder sobreviver e a ficha só cai quando realmente paramos para pensar e ver como o custo de vida nos consome dia após dia.
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