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Reportagens Especiais

Santa do Mel atraiu milhares e dividiu opiniões entre milagre e pilantragem

Graziela Rezende | 15/03/2014 08:32
Santuário onde permanecia a Santa do Mel
Santuário onde permanecia a Santa do Mel

Dos 15 anos existentes do Campo Grande News, poucas vezes a reportagem retratou algo tão histórico, que levou uma multidão de campo-grandenses para um só local e projetou o acontecimento para o mundo. Movidos pela fé, independente da religião, todos queriam conhecer a "santa" que teria vertido mel. No entanto, o fenômeno não durou muito tempo e dividiu a opinião entre milagre e pilantragem.

“O que me chamou a atenção foi o fato da casa se transformar em um local de romaria, um santuário. Foi tudo muito rápido, logo a igreja começou a se interessar pela história, houve a avaliação do mel e a família se negou a entregar a santa. As pessoas, porém, demonstravam muito a sua fé”, afirma a repórter Aline dos Santos.

Na ocasião, para falar sobre o fenômeno da ‘Santa do Mel’, ela buscou uma entrevista com o Padre Quevedo, considerado o ‘mestre dos mistérios’. “Nós entramos em contato no seu instituto de parapsicologia, na época em que ele premiava as pessoas que demonstravam verdadeiros milagres. Sobre a Santa do Mel, ele disse que isso não existia”, relembra a repórter.

O Campo Grande News também foi até a casa na rua Domingos Marques, bairro Vilas Boas, onde fica exposta a santa e eram realizadas missas e novenas. “Nós conversamos com muitas pessoas que falavam em milagres, possibilidade de cura e algo sobrenatural. Ainda tivemos acesso a uma ata de milagres e a multidão, que tinha aquele local como a corrida do ouro”, ressalta.

No dia 16 de maio de 2007, a casa foi aberta aos visitantes. A estatueta permaneceu em um galpão que foi palco para milhares de pessoas diariamente. A reportagem, na ocasião, entrevistou fiéis e contabilizou que, somente em um dia, 127 pessoas atribuíram milagres a santa.

Mesmo com polêmicas, a igreja Católica aguardava o momento certo de se pronunciar. Desde o início, não recomendava as visitas, principalmente, até o resultado de um laudo da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que apontava uma substância semelhante ao mel em sua composição.

O proprietário do imóvel, José Rezek, viu a necessidade de cobrir a santa com vidro, por conta do tumulto, já que muitas pessoas queriam tocar na santa e retirar o líquido. O Campo Grande News ainda soube de ameaças por telefone, já que pediam aos donos para entregarem a santa à Igreja Católica.

No dia 23 de maio de 2007, um mês após um aneurisma, José faleceu. Parentes e filhos do primeiro casamento da vítima travaram uma briga pela herança com a atual esposa e filha. A imagem não estava no testamento, mas o lugar onde ela estava sim e por isso o galpão foi fechado. Após meses, a casa de Sônia Maria Diniz, 54 anos, foi reaberta aos fiéis. Foram realizadas missas, novenas e muitas visitações daqueles que acreditavam no mel milagroso.

Outra polêmica – Com a divisão dos bens, foram descobertas crimes de estelionato na qual Sônia é apontada como autora. Ela foi denunciada por parte do Ministério Público, como uma pessoa que havia falsificado assinaturas para transferir bens ao seu nome, além de adulterar selos do 4° Cartório de Notas e de Registro de Títulos e Documentos.

Conforme apurou o Campo Grande News, foi realizada a perícia grafotécnica (que verifica a autenticidade da assinatura), nos 30 dias em que o marido esteve hospitalizado. Nesse período, ela ainda realizou saques e empréstimos de R$ 40 mil, segundo um dos filhos do 1° casamento da vítima. O caso  ainda segue sob investigação policial.

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