Como a comparação destrói aprendizagens
A comparação é uma prática comum e, em certa medida, natural. Desde a infância, somos comparados em casa, na escola e, mais tarde, no trabalho. No entanto, quando falamos de aprendizado, comparar-se aos outros pode ser profundamente prejudicial. Cada pessoa possui um ritmo e estilo de aprendizado únicos, que refletem suas experiências, habilidades e histórias de vida. Quando ignoramos essa individualidade, corremos o risco de minar a confiança e inibir o potencial de crescimento pessoal.
A armadilha da comparação
A comparação geralmente acontece de duas maneiras: para nos sentirmos superiores ou para nos sentirmos inferiores. No contexto do aprendizado, ambas as abordagens são destrutivas.
● Comparação negativa: É o cenário mais comum, em que uma pessoa se vê como inferior a outra. Isso pode levar à desmotivação, autossabotagem e até abandono do aprendizado.
● Comparação positiva: Quando usamos a comparação para nos sentirmos superiores, isso pode nos estagnar. A sensação de estar “melhor” que alguém pode levar a uma zona de conforto, onde não se busca evoluir.
Ritmos e estilos de aprendizagem: um caminho único para cada pessoa
O aprendizado não é linear e não segue um único padrão. Algumas pessoas aprendem por meio da repetição, outras por meio da experimentação, e algumas por absorção passiva.
● Estilos de aprendizagem: Existem diferentes estilos, como visual, auditivo, cinestésico e até social. Ignorar o seu próprio estilo e tentar imitar o de outra pessoa pode gerar frustração e perda de motivação.
● Histórico pessoal: Fatores como experiências anteriores, inteligência emocional e até saúde mental afetam a maneira como cada um aprende. Comparar-se a alguém sem considerar essas variáveis é injusto consigo mesmo.
O impacto emocional da comparação
A comparação constante gera sentimentos de inadequação e insegurança. Quando uma pessoa começa a acreditar que não é boa o suficiente, seu cérebro entra em um modo defensivo, o que reduz sua capacidade de absorver novas informações. A ansiedade e o estresse gerados por essa comparação bloqueiam o aprendizado e criam um ciclo vicioso: quanto mais se compara, menos se aprende.
Aceitando e respeitando a própria jornada
Para romper com a comparação, é fundamental aceitar a própria jornada de aprendizado. Isso não significa acomodar-se, mas sim valorizar cada pequeno passo dado em direção ao progresso.
● Estabeleça metas pessoais: Em vez de olhar para o que os outros estão fazendo, concentre-se em metas específicas e realistas para você.
● Celebre pequenas conquistas: Cada avanço, por menor que pareça, deve ser reconhecido e celebrado como parte do processo único de crescimento.
● Pratique a autocompaixão: Seja gentil consigo mesmo nos momentos de dificuldade e lembre-se de que os erros fazem parte do aprendizado.
Inspirar-se sem se comparar
Olhar para os outros não precisa ser uma prática destrutiva. Podemos buscar inspiração e aprendizado com aqueles que nos cercam, desde que isso não se transforme em uma medida de autovalor. A chave está em aprender com os outros, mas sem perder a própria identidade e trajetória.
O Valor da individualidade no aprendizado
O aprendizado é um processo profundamente pessoal, moldado por experiências, emoções e habilidades únicas. Quando paramos de nos comparar e começamos a valorizar nossa própria jornada, abrimos espaço para um crescimento verdadeiro e sustentável. Lembre-se de que o sucesso no aprendizado não é chegar ao mesmo lugar que outra pessoa, mas sim alcançar o melhor de si em seu próprio tempo e caminho.
(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica, especialista em Oncologia pelo Instituto de Ensino Albert Einstein de São Paulo.
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