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Greve dos médicos, crime contra a humanidade

Por Gilson Cavalcanti Ricci (*) | 07/05/2015 13:57

O litígio entre patrões e empregados provocado por equilíbrio salarial, atinge frontalmente terceiros inocentes, provocando-lhes prejuízos materiais e morais de grande monta, às vezes até insanáveis, como por exemplo a quem necessita pagar suas contas em dia, ou sacar dinheiro para atender necessidade urgente, mas o banco está fechado por motivo de greve dos bancários. Ou necessite com urgência de qualquer documento público ou privado, como passaporte por exemplo, mas a repartição policial competente está paralisada por greve dos policiais. Muitos desses exemplos acontecem sempre quando alguma entidade de atendimento público está em greve. São situações injustas em desfavor de quem nada tem a ver com a pendenga alheia, mas a Carta Magna ampara o direito de greve em letras garrafais, e textos amplos, ao declarar o direito de greve em favor do trabalhador, estimulando dessa forma aos sindicatos de classe a decretarem greves e mais greves, por qualquer motivo subjetivo do trabalhador grevista.

Agora, entraram em greve os médicos da Rede Municipal de Saúde Pública! O serviço, que já era precário com a equipe médica trabalhando na plenitude, imagine o leitor quanto sofrimento estão amargando aqueles pobres necessitados, que dependem exclusivamente dos postos de saúde pública para minimizarem seus males. Acabo de assistir na televisão, num dos mais destacados noticiários locais, o sofrimento da massa humana sem atendimento médico em vários postos de saúde de Campo Grande. Homens, mulheres, velhos e crianças, muitos até chorando desesperados por não serem atendidos pelo médico, apesar de terem a consulta marcada há mais de um ou dois meses passados. Várias pessoas, que vieram de cidades distantes, também amargavam a decepção de não serem atendidas, apesar de virem de localidades longínquas – um sórdido teatro do absurdo!

Tal situação, tristemente fática, demonstra cabalmente a flagrante omissão perpetrada pelo Poder Público Municipal contra o munícipe pobre, e também contra os médicos municipais ao negar-lhes melhores salários, pois o ilustre Prefeito Municipal não pode jamais se negar a atender o justo reclamo desses indispensáveis profissionais à coletividade, ou ao menos tentar com eles uma composição salarial viável para os cofres municipais, sem perder de vista que um médico se faz com muito sacrifício pessoal e altos custos. Por outro lado, o sindicato de classe não poderia ser tão intransigente ao decretar greve imediata, sem esgotar a negociação com seus pupilos, como agiu neste caso.

Entendo que ambas as partes estão agindo subjetivamente, sem sopesar as consequências cruéis da ausência do médico no posto de saúde, pois uma pessoa doente vê no seu médico a esperança de cura, ou amenização de seu sofrimento. O que fica no ar é a tacanha insensibilidade da classe política face ao problema crucial da falta de médicos na saúde pública, como também a vileza dos salários pagos a esses profissionais necessários ao bem-estar e à saúde de milhões de crianças e adultos brasileiros, que fervilham como formigas pelos postos de saúde pública por esse Brasil afora. Os anos passam e o problema da saúde pública continua insolúvel, castigando os necessitados drasticamente, apesar do nosso País estar nas mãos da esquerda comunista há mais de uma década seguida, mas o problema cresce a cada ano que passa, numa prova flagrante da propaganda enganosa esquerdista, que sempre avassalou os incautos.

Deixo aqui consignado repúdio veemente contra a greve de médicos por qualquer motivação, seja por melhoria salarial, seja por melhores condições no âmbito do trabalho. O médico possui um múnus sagrado, porque tem a incumbência humana de salvar vidas, e uma greve proposital pode matar um enfermo necessitado de urgente atendimento médico. Não temo firmar aos discípulos de Hipócrates em greve, por razões óbvias, que GREVE DE MÉDICO É CRIME CONTRA A HUMANIDADE!

(*) Gilson Cavalcanti Ricci, advogado

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