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Cidades

Após líder indígena espancar o irmão, comunidade pede nova eleição em aldeia

O capitão da aldeia foi afastado de suas funções e deve prestar depoimento ainda hoje

Geniffer Valeriano | 12/06/2023 17:25
Manifestações vêm acontecendo no pátio de uma escola da aldeia. (Foto: Tonico Benites)
Manifestações vêm acontecendo no pátio de uma escola da aldeia. (Foto: Tonico Benites)

Após vídeo que mostra o capitão da Aldeia Jaguapiré, em Tacuru, Valdenir Romero espancando seu irmão ser divulgado nas redes sociais, indígenas iniciam manifestação pedindo por uma nova eleição de liderança. O homem foi afastado de suas funções e deve prestar depoimento ainda hoje.

O coordenador da regional sul da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Tonico Benites, relatou para o Campo Grande News que o clima de tensão na aldeia continua e a PM (Polícia Militar) já foi acionada. “Eu estou acionando a Polícia Militar para acompanhar, intermediar e apaziguar a manifestação e conflitos internos, das pessoas que querem se manifestar de forma muito desorganizada e às vezes podem passar dos limites e acontecer desordem. Então, estou pedindo para a Polícia Militar ficar fazendo ronda na comunidade até que se resolva a nova liderança”, explicou.

Segundo ele, quando os líderes têm algum problema ou são acusados de um crime grave, a comunidade pede por novas eleições, como tem acontecido.

Valdenir Romero estava foragido até ontem, quando foi localizado, afastado das suas funções de capitão e apresentado na delegacia. Apesar do conteúdo das imagens, o capitão continua em liberdade, por não ser preso em flagrante, e deve prestar depoimento ainda nesta segunda-feira (12).

A vítima, identificada como Edvaldo Romero, foi localizada mais de 24h depois de ser espancada. Só então passou por avaliação médica e segue aos cuidados de sua irmã, fora da aldeia. “Os pés, os braços e os dedos estão todos inchados, ontem ele passou pela médica e ele já está conseguindo andar um pouquinho, já. Ele já melhorou sim, a saúde não está mais em risco, mas a dor ele está sentindo muito”, disse Tonico Benites.

Entenda - O vídeo foi gravado por Valdenir Romero e foi divulgado nas redes sociais pelo próprio autor, nesta sexta-feira (10). O Território Guarani-Kaiowá, onde as imagens foram feitas, fica no município de Tacuru, a 427 km de Campo Grande. A denúncia já chegou ao conhecimento da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

O capitão da comunidade divulgou as imagens da sessão de tortura com marteladas nos pés e nas mãos do próprio irmão em grupos de lideranças indígenas. “O próprio capitão, liderança eleita, confirmou o que fez. Justificou a ação alegando que o irmão teria se envolvido com grupo que rouba as coisas da família e troca por droga ou bebida, além de vender entorpecentes. Também reclamou que a polícia demora muito para atender os chamados da comunidade e decidiu resolver do jeito dele”, contou Valdenir.

A vítima tem problemas de saúde mental e física. Ele era cuidado pela mãe dos dois, mas ela faleceu há dois meses e desde então o rapaz se tornou andarilho, em situação de rua.

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