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Cidades

Assassina de chargista tem “impulsos hostis” e consegue exame de insanidade

Defesa de Clarice Azevedo pediu investigação da sanidade mental e juiz autorizou

Silvia Frias | 12/03/2021 07:38
Assassina de chargista tem “impulsos hostis” e consegue exame de insanidade
Clarice disse que cometeu crime após discussão e agressão a tapas (Foto/Reprodução)

A Justiça em Campo Grande atendeu pedido da Defensoria Pública e autorizou exame de insanidade mental na massagista Clarice Silvestre de Azevedo, 44 anos, acusada de matar e esquartejar o chargista Marco Antônio Borges, em 2020. Este laudo irá tramitar em segredo de justiça.

O pedido de exame de insanidade foi feito pelo defensor Gustavo Henrique Pinheiro da Silva e deferido pelo juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande em despacho datado de 10 de março e anexado ao processo ontem (11).

Garcete negou o pedido para que o processo tramitasse em segredo de Justiça e justificou usando artigo assinado por ele e publicado em site jurídico. Nele, refuta o argumento do segredo de justiça como preservação do interesse público, por ser fundamentação “com alta carga de subjetividade”. Conforme citação, a publicidade de atos processuais é “a garantia de outras garantias”.

Apesar de negar segredo no processo em tramitação na 1ª Vara, determinou que o laudo psicológico seja apartado da ação, este sim, permanecendo sob sigilo.

Para pedir o exame de insanidade mental, o defensor público anexou trechos de dois laudos psicológicos de Clarice Azevedo. Um deles foi feito antes da prisão, quando recebia atendimento em clínica de Campo Grande.

Assassina de chargista tem “impulsos hostis” e consegue exame de insanidade
Clarice se entregou à polícia três dias após o crime (Foto/Arquivo)

Neste laudo, a profissional esclarece que foram realizadas 10 sessões, o que não seria suficiente para diagnóstico mais preciso e completo.

Preliminarmente, diz que “paciente tem mesclado de intenso sofrimento e por outro lado indiferença frente à própria vida. Possui condição psicológica primitiva carregada de sentimentos melancólicos e de indignação por todo sofrimento vivido”.

O outro foi elaborado pela profissional que atende as internas do presídio feminino Irmã Irma Zorzi.

Clarice relatou que teve episódios de depressão ao longo da sua vida, especificando algumas situações: a doença do 3º filho que necessitava de cuidados especiais, nascimento da 5ª filha e a morte do filho. O relatório não detalha esses casos.

A psicóloga detalha que Clarice apresenta, na autoimagem inconsciente, “desgaste emocional, ameaça de destruição, com sofrimento do ego e sensação de desintegração (...) impulsividade associada a falta de amplitude interpessoal, impulsos agressivos e hostis”.

O crime – Marcos Antônio havia desaparecido desde o dia 21 de novembro. O corpo foi encontrado no dia 24, dentro de duas malas carbonizadas, em terreno no bairro Corcovado.

Na manhã do dia 24, Clarice Silvestre, se apresentou à Polícia Militar de São Gabriel do Oeste e confessou o crime. Ela disse que havia matado o chargista na manhã de sábado, após discussão na casa dela, no bairro Monte Castelo.

Na versão dela, os dois teriam discutido, ela foi agredida com dois tapas e o empurrou da escada. Depois, teria esfaqueado a vítima. A perícia, no entanto, atestou que Marco Antônio foi ferido quando estava na cama, de costas, o que muda a dinâmica e coloca em dúvida os fatos narrados por ela.

Depois de matar o chargista, Clarice comprou facas, luvas, sacos de lixo e água sanitária para a limpeza e pediu ajuda do filho, João Vitor Silvestre de Azevedo, de 21 anos. O rapaz a ajudou a esquartejar o corpo, colocá-lo em três malas e, depois, em terreno baldio no Jardim Corcovado, queimá-lo.

A massagista foi denunciada por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.  João Victor responde por ocultação de cadáver e também por concurso de pessoas, acusação para quem ajuda no cometimento de ilícito.

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