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Cidades

Há uma década, PM tenta expulsar "PX", mas briga judicial não deixa

Conhecido na operação Omertà, Paulo Roberto Teixeira Xavier briga para se manter na PM e a última decisão foi desvaforável a ele

Marta Ferreira | 09/09/2020 14:35
Paulo Roberto Teixeira Xavier usa camiseta com a foto do filho, assassinado no lugar dele, em 2019. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Paulo Roberto Teixeira Xavier usa camiseta com a foto do filho, assassinado no lugar dele, em 2019. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Personagem que ficou conhecido em Campo Grande por ter o filho executado em seu lugar, o capitão reformado da Polícia Militar Paulo Roberto Teixeira Xavier,  o “PX”, briga na Justiça para se manter na força de segurança e, por enquanto, continua com a patente. A PM tenta excluir “PX” desde que ele foi preso, em 2009, na operação “Las Vegas”, sobre a máfia da jogatina, ou seja, há mais de uma década.

Até hoje a disputa ainda não terminou nos tribunais. A Ageprev (Agência de Previdência Social), responsável pelo pagamento dos inativos, despende todo mês R$ 14,6 mil com os vencimentos do capitão reformado. Para ele, sobram líquidos R$ 12,6 mil

Nesta terça-feira (9), foi tornado público pelo Judiciário mais um embate, com resultado desvaforável ao oficial inativo. O desembargador Carlos Eduardo Contar negou seguimento de recurso especial protocolado pela defesa, contra despacho de junho da 2ª Câmara Criminal, que mantinha ordem de expulsão.

Em resumo, os advogados de “PX” questionam a validade do processo administrativo da Polícia Militar no qual ficou definido que ele era “incapaz de permanecer nas fileiras da Corporação”.

Capengas". É como os autos referentes ao assunto são chamados em trecho da petição assinada pelo advogado Marco Antônio Ferreira Castello, que representa o ainda policial.

Motivo - Essa condenação de Paulo Roberto Xavier decorre de episódio ocorrido em 2009, quando ele foi preso por operação “Las Vegas” que envolveu forças estaduais e a Polícia Federal, contra máfia da jogatina. Na Justiça Militar, Xavier foi acusado, e punido, por manter conduta inadequada a um oficial.

Para o Conselho de Justicativa, instaurado ainda em 2009, entendeu o capitão reformado “manchou” a imagem da Corporação. À época, também foi identificada a participação de Paulo Roberto em duas empresas, situação irregular para um policial militar.

Entre as descobertas da investigação, é citada até mesmo a cobrança irregular de clientes. A condenação foi por falsidade ideológica, manutenção de estabelecimento comercial vetada pelo Estatuto da Corporação e corrupção passiva.

Em entrevista ao Campo Grande News sobre a execução do filho, crime atribuído ao grupo de extermínio investigado pela operação Omertà, o capitão disse ter sido alvo de “armação” na prisão durante a Operação “Las Vegas”.

Nova tentativa – Em 2015, houve nova tentativa de exclusão de “PX”, após prisão no Maranhão, com uma arma para a qual não tinha porte e em veículo irregular, cujas placas estavam adulteradas.

Para esse processo de expulsão da PM também não há resultado final. O ato derradeiro é publicado pelo governador do Estado.

Isso foi feito em setembro do ano passado, em relação ao episódio de 2009, mas os recursos judiciais mantêm o capitão no cargo.

“PX” é apontado como desafeto da milícia armada que teve sete acusados pela execução do filho dele, Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, em 9 de abril do ano passado. Esse processo, derivado da Omertá, está na fase final, com julgamento dos réus marcado para 28 de outubro.

Procurada, a Polícia Militar informou que aguarda ser notificada da decisão judicial mais recente. "Então, a partir disso, poderá se manifestar a respeito do militar e de sua situação institucional".

(Matéria editada às 15h30 para acréscimo do posicionamento da Polícia Militar)

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