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Cidades

Membros do PCC em MS são suspeitos de negociar arsenal usado em Araçatuba

Interceptações de três dias antes, gravaram conversas de integrantes do PCC sobre fuzis no Estado

Nyelder Rodrigues | 30/08/2021 21:51
Moradores foram usados como escudo nos carros e feitos reféns nas ruas. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Moradores foram usados como escudo nos carros e feitos reféns nas ruas. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Mato Grosso do Sul pode ter sido rota de grande carregamento de armas, que foram usadas no ataque a bancos ocorridos na madrugada desta segunda-feira (30), em Araçatuba, uma das principais cidades do oeste paulista e que fica a poucas horas da divisa com o território sul-mato-grossense, em Três Lagoas.

Interceptações telefônicas registraram conversas de dois integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), em Mato Grosso do Sul, sobre a passagem de 60 fuzis por aqui, sendo dois deles calibre 50 e com capacidade de derrubar aeronaves.

As informações foram publicadas nesta noite de segunda pela Revista Piauí, em reportagem assinada por Allan de Abreu e Luigi Mazza. De acordo com a revista, o diálogo foi captado pela PF (Polícia Federal) e indica que o armamento chegaria até o interior do Estado em um helicóptero, que não foi encontrado.

Além da PF, MPSP (Ministério Público de São Paulo) e Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que participam das investigações, acreditam que o arsenal usado em um verdadeiro cenário de guerra em Araçatuba, passou antes pelo Mato Grosso do Sul, não de hoje, porta de entrada de drogas e armas no Brasil.

O mega assalto contou com aproximadamente 30 participantes, e além de armas, foram usados explosivos nas ruas, acionados por movimento - um rapaz que passava de bicicleta, próximo de um artefato, foi atingido na explosão e perdeu os dois pés. Ele segue internado em estado grave com outros ferimentos.

Três bandidos foram capturados, enquanto os demais conseguiram fugir, muito graças ao método "novo cangaço" usado por eles: pessoas encontradas nas ruas da cidade foram feitas reféns e amarradas aos veículos, evitando assim, que os carros e camionetes fossem alvos de disparos da polícia na fuga.

Duas agências bancárias da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil foram alvos dos bandidos, que atacaram ainda uma unidade especial da PM (Polícia Militar) paulista, no Bairro do Santana. Houve intenso tiroteio.

Três pessoas morreram e três - já contando o rapaz da bicicleta - estão internadas em estado grave. Um dos mortos, é Jorge Carlos de Mello, de 38 anos, integrante do PCC preso por tráfico de drogas e posse de três bananas de dinamite em casa, no ano de 2001, revela a reportagem de Allan de Abreu na Piauí.

Mello deixou a cadeia em março de 2017, após vários anos marcados por prisões e saídas das penitenciárias do interior paulista, modus operandi típico dos integrantes do PCC. Já Araçatuba fica em região estratégica, com fácil acesso também ao Paraná e Minas Gerais.

Com cerca de 198 mil habitantes, a cidade é um polo regional do oeste paulista e, assim, além de reunir várias pequenas cidades e distritos próximos, ainda possui rotas diversas, entre estradas estaduais e vicinais.

Equipes das polícias Civil e Militar de Três Lagoas monitorando divisa. (Foto: Reprodução/Instagram)
Equipes das polícias Civil e Militar de Três Lagoas monitorando divisa. (Foto: Reprodução/Instagram)

Repercussão em MS - Os ataques deixaram as forças de segurança de Mato Grosso do Sul em alerta para uma possível fuga dos criminosos para o Estado e a segurança na ponte que liga Três Lagoas a Castilho (SP) foi reforçada.

Ao Campo Grande News, o delegado regional de Três Lagoas, Rogério Fernando Makert Faria, frisou que, por enquanto, não há informações de que os criminosos tenham vindo para o Estado, mas ainda assim o sinal de alerta foi ligado, com várias abordagens a veículos, suspeitos ou não, sendo realizadas na região.

"Seguindo orientações da Delegacia Geral da Polícia Civil, colocamos equipes das polícias Civil e Militar na ponte para eventual abordagem de carros suspeitos e apoio às equipes de São Paulo, caso necessitem", afirmou.

Também procurada pela reportagem, a PM (Polícia Militar) informou que a situação está sendo monitorada em Três Lagoas, cidade a 338 km de Campo Grande, e equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e da Força Tática já estão em alerta, caso haja necessidade de reforço na segurança.

"Ainda não há nenhuma informação de fuga para Mato Grosso do Sul. Estamos monitorando a possibilidade de fuga e reforço da segurança", informou ao Campo Grande News, o tenente-coronel Guilherme Dantas Lopes.

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