Motoentregadores fazem protesto contra aplicativos e reivindicam aumento de taxa
Trabalhadores reivindicam reajuste e mudanças no pagamento das taxas mínimas
Entregadores de delivery organizam protesto hoje, em Campo Grande, e devem seguir em pelo centro da cidade até o início da tarde. A categoria reivindica aumento da taxa mínima de entrega, principalmente da plataforma Ifood.
O grupo formado por cerca de 30 motoentregadores está concentrado na avenida Afonso Pena, na esquina do Parque das Nações Indígenas e pretende sair em carreta até avenida Calógeras e fazer o retorno até o ponto inicial. A ideia é desligar o aplicativo e somente retornar a partir da meia-noite.
Segundo os profissionais, esperava-se cerca de 200 motoentregadores no protesto e por isso, devem aguardar a chegada até início da tarde, por volta das 13h. Eles dizem que, apesar da aparente baixa adesão, a maioria dos colegas está em casa, com aplicativos desligados.
O motoentregador Adevilson Garcia da Silva, 39 anos, está na atividade há um ano e três meses e explica que o ganho real tem caído por conta da defasagem da taxa mínimo e os custos com insumos, como reposição de peças, pneus e combustível. “Antes, com 10 entregas, a gente conseguia fazer R$ 100, hoje, para chegar nisso,tem que fazer 15 a 17”, contou.
Como exemplo, cita que para distância curta, o pagamento é R$ 5,31, o que não supre o gasto com gasolina, por exemplo, no patamar de R$ 5,59 a R$ 5,69. “Para fazer boa quantidade de dinheiro, tem que ficar 14h, 16h, fora de casa; tenho esposa, duas filhas, terá que dar atenção em casa, mas preciso pagar as contas”.
O reajuste da taxa mínima também é citado por Alexsandro Farias Peternos, 38 anos, motoentregador há 10 anos, mas há 2 anos com uso de aplicativo. Também cita o pagamento de 50% da taxa ao ser obrigado a retornar ao restaurante, situação que ocorre quando cliente não recebe ou não está no local para finalizar a entrega.
O motoentregador José Paulo Teixeira, 49 anos, disse que a categoria reivindica, ainda, mudança na dinâmica de pagamento das taxas em dias atípicos, como de chuva, frio ou durante a madrugada.
Já Miguel da Silva, 30 anos, reclamou da qualidade do material vendido na loja e usado por eles como as bags (usadas para entrega), que duram pouco mais de um mês de uso.
Em nota divulgada no site da Ifood, a empresa informou que está acompanhando a paralisação dos entregadores, respeitando o direito dos manifestantes, mas foi acionado plano para manter operações em funcionamento. Segundo a empresa, as operações continuam normais.
Na nota, a empresa informa que atendeu quase todas as reivindicações, como taxa mínima de entrega que, embora estabelecida em R$ 5,00, fica em média superior, de R$ 8 a R$ 9. Nega que haja sistema de pontuação, faz distribuição de EPIs (equipamentos de proteção individual) como álcool em gel e máscaras reutilizáveis, além de oferecer seguro de vida e roubo.