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Cidades

Na 1ª sessão após fase da Omertà, vereadores ignoram investigação contra colega

Ademir Santana é investigado por participar do esquema de agiotagem, e nada foi citado durante sessão, com a presença dele

Silvia Frias | 08/10/2020 11:43
No destaque em vermelho, o vereador Ademir Santana (PSDB), em sessão da Câmara (Foto/Reprodução)
No destaque em vermelho, o vereador Ademir Santana (PSDB), em sessão da Câmara (Foto/Reprodução)

Em pouco menos de uma hora de sessão, os vereadores de Campo Grande falaram de tratamento da covid-19, segurança, uso de drogas e até de citações bíblicas do Apocalipse, mas, nada sobre a 5ª fase da Operação Omertà, que ontem cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do colega Ademir Santana (PSDB).

Na fase denominada “Snowball”, bola de neve, em inglês, a Polícia Civil apura esquema de crimes de extorsão, agiotagem e lavagem de dinheiro. As equipes fizeram buscas em dois imóveis do vereador: casa no Jardim Bonança e chácara no Portal Caiobá.

Segundo a investigação, o vereador fazia parte do esquema e até levou vítimas de cobrança das dívidas com a quadrilha, onde foram ameaçadas sob a mira de armas, na casa do empresário Jamil Name, um dos líderes do bando.

Embora não tenha sido alvo de mandado de prisão, Santana optou por não aparecer em nenhum dos locais. Desde o ontem a reportagem tenta contato com o parlamentar ou com assessores e defesa, mas as ligações não foram atendidas.

Silêncio – As sessões na Câmara Municipal continuam on-line, por conta da pandemia da covid-19, mas, muitos vereadores optaram em fazer a transmissão de seus gabinetes, com exceção dos que fazem parte do grupo de risco.

Ademir Santana chegou por volta das 9h30 e foi ao gabinete. Inicialmente, optou em não abrir a câmera e somente seu nome constava no painel transmitido pela Câmara, atestando presença na sessão.

No início da sessão, vereador optou em não abrir câmera (Foto/Divulgação)
No início da sessão, vereador optou em não abrir câmera (Foto/Divulgação)

O presidente da Câmara, João Rocha (PSDB), abriu os trabalhos com a leitura da ata e a fala dos líderes dos partidos. O vereador Hederson Fritz (PSD) falou sobre problema do preconceito sofrido pelas pessoas contaminadas pela covid-19 e que as pessoas precisam ter sensibilidade.

O vereador Wilson Sami (MDB) concordou e falou da necessidade da testagem da população. Já o pastor Jeremias Flores (Avante), optou em usar o momento para citar trechos do livro Revelações do Apocalipse: “E mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro”.

O vereador Airton Araújo (PT) falou sobre segurança, pedindo investimento por parte do governo do Estado, citando que ladrões entraram na casa do filho dele. “Acontece com todo mundo, os roubos são frequentes”.

Ainda sobre o tema, o vereador Wellington (PSDB), do mesmo partido de Ademir Santana, também entrou no tema segurança pública, mas criticando o que acredita ser liberação das drogas: embora tipificado como crime, não é penalizado como deveria ser. Por isso, acredita que usuário seja punido. “Roubo, furto é do ciclo da droga (...) a coisa estão ficando grandes, tão grandes”.

Os vereadores seguiram com a sessão, lendo moção de pesar a recentes falecimentos e de congratulação a outros moradores de Campo Grande.

Foi somente na votação que Ademir Santana se manifestou e abriu a câmera, se mostrando na sessão. Foram apenas quatro palavras durante o tempo em que permaneceu online: “Voto com o líder”, referindo-se ao projeto que institui programa de escola sustentável na Reme (Rede Municipal de Ensino) e nas instituições privadas, que trata da conscientização da importância da preservação ambiental e promover economia de água e energia elétrica.

Logo depois dessa votação, a sessão foi encerrada, após 53 minutos de duração.

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