Prometidas há 1 ano, cirurgias contra bullying são investigadas
Órgão apura se começou a ofertas das plásticas em mutirão estadual
O programa "MS Saúde: Mais Saúde, Menos Fila", que promete reduzir filas para operações não urgentes em Mato Grosso do Sul, vai completar um ano e meio na semana que vem. Nesse período, nenhuma cirurgia plástica em crianças e adolescentes vítimas de bullying foi realizada, apesar desses procedimentos terem sido anunciados como destaque do mutirão.
RESUMO
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O programa "MS Saúde: Mais Saúde, Menos Fila", que promete reduzir as filas de espera para cirurgias não urgentes em Mato Grosso do Sul, completa um ano e meio sem realizar nenhuma cirurgia plástica em crianças e adolescentes vítimas de bullying, apesar de ter sido anunciado como um dos destaques do mutirão. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu um inquérito para investigar a demanda prevista dentro do orçamento de R$ 45 milhões da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Apesar da SES ter informado que 44 pacientes realizaram consultas pré-operatórias e 182 aguardavam a cirurgia, nenhum procedimento foi realizado. O MPMS solicitou informações sobre o andamento do programa, incluindo a lista de pacientes e os investimentos realizados, para os hospitais credenciados, a SES e a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande. A proposta de utilizar cirurgias plásticas para combater o bullying gerou críticas de profissionais da Pedagogia e Psicologia, que argumentam que a abordagem é inadequada e que o procedimento não resolve o problema, que muitas vezes é de ordem psicológica.
A apuração é do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que abriu inquérito em 24 de outubro para investigar a demanda prevista dentro de orçamento de R$ 45 milhões da SES (Secretaria Estadual de Saúde).
Em 26 de junho, a secretaria informou que 44 pacientes chegaram a fazer consultas pré-operatórias e que o total de 182 aguardavam para fazer as cirurgias em todo o Estado. Porém, sem nenhum ser operado.
Só em Campo Grande, 68 pessoas estavam à espera, de acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). A pasta confirmou que nenhuma cirurgia estética foi feita pelo programa até 24 de junho, na Capital.
Hospitais - O Hospital São Julião, de Campo Grande, e o Hospital Emília Silvério, de Sidrolândia, se credenciaram para fazer os procedimentos estéticos no Estado.
Segundo a SES, as 44 consultas foram feitas no São Julião, enquanto o Emília Silvério não havia assinado termo para começar a atender até o fim de junho.
Já em 10 de setembro, o hospital de Sidrolândia informou que estava com a agenda aberta, mas sem qualquer paciente agendado.
O MPMS pediu ao São Julião a lista com nomes de todos os pacientes que consultaram e aguardavam para fazer a operação antibullying. O hospital não respondeu nenhum dos três ofícios enviados. A reportagem questionou a assessoria da unidade hospitalar, que informou ter feito 43 consultas e que "os pacientes com indicação cirúrgica estão finalizando a fase pré-operatória. Com isso, as cirurgias serão agendadas nas próximas semanas".
O Campo Grande News procurou a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde para saber se alguma operação foi feita até hoje (29) e se persistem as dificuldades dos hospitais em formarem equipes para esse tipo de atendimento, justificativa que a pasta deu em maio deste ano. Não houve retorno até o fechamento desta matéria.
Pedidos - No inquérito aberto, o Ministério Público dá 15 dias de prazo para a SES enviar dados atualizados sobre todas as ações feitas após o anúncio das cirurgias plásticas, contendo a relação dos pacientes atendidos e dos que aguardam ser operados. O mesmo foi solicitado à Sesau.
O órgão quer saber também da secretaria estadual quanto já foi investido nessa ação e em quais hospitais do Estado as cirurgias serão feitas.
Os hospitais São Julião e Emília Silvério também são cobrados a responder qual o status do contrato com o governo estadual, quantas operações em vítimas de bullying já fizeram e quantas preveem fazer na segunda etapa do "MS Saúde: Menos Fila, Mais Saúde", que começou em maio e vai até abril de 2025.
Polêmica - A proposta de evitar o bullying alterando a aparência física de crianças e adolescentes com cirurgias plásticas, virou alvo de críticas por profissionais da Pedagogia e Psicologia, inclusive de outros estados.
Douglas Menon, vice-presidente da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) em Mato Grosso do Sul, ponderou a medida, lembrando que os procedimentos são feitos pelo SUS e já há fila por eles.
“É muito importante o tempo certo de realização da cirurgia. O paciente tem que estar psicologicamente estável e consciente dos estágios do procedimento e entender que o procedimento vai trazer melhoras, mas não é a solução dos problemas, que muitas vezes podem ser de ordem psicológica”, disse.
Matéria editada às 17h40 para acrescentar resposta do Hospital São Julião.
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