STF aprova e extradição de “Fantasma” agora depende de Lula
Defesa de homem acusado de chefiar esquema de tráfico agora analisa quais serão os próximos passos
O ministro Luiz Fux homologou o pedido de Jorge Adalid Granier Ruiz, de 43 anos, conhecido como “Narcofantasma” ou “Nono”, para se entregar à Justiça da Argentina e deferiu o pedido do governo argentino para que o preso, dono de tripla nacionalidade, seja enviado ao país vizinho, onde responde a acusação de tráfico. Agora, a extradição de Ruiz depende da assinatura do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) é desta segunda-feira, dia 11. Fux entendeu haver “requisitos legalmente previstos para acolhimento do pedido da extradição voluntária”.
A defesa de “Fantasma” agora analisa quais serão os próximos passos, já que não há prazo para que o presidente autorize a extradição. De acordo com o advogado Haroldson Loureiro Zatorre, que representa Ruiz no Brasil, em parceria com escritórios na Argentina e Bolívia, a questão agora passa a ser diplomática. Além da assinatura de Lula, os governos negociarão a forma de fazer a entrega do acusado.
“Fantasma” só está preso ainda por força de mandado de prisão preventiva para fins de extradição. Pelo crime de uso de documentos falsos, em Mato Grosso do Sul, o boliviano de nascimento, mas dono de outras duas nacionalidades (paraguaia e argentina também), foi condenado a 2 anos de reclusão no regime aberto.
O advogado de Granier Ruiz no Brasil informou a vontade do cliente em se entregar à Argentina no começo de agosto. Zatorre explicou que a decisão do cliente em ser favorável à extradição foi um consenso com as defesas do acusado de tráfico na Argentina e na Bolívia. “As provas contra ele na Argentina são frágeis, débeis como eles dizem”.
O defensor afirma ainda que o conselho dos advogados foi repassado a “Fantasma”, mesmo ele manifestando a vontade de permanecer no país e negado as ligações com o narcotráfico internacional. “Pela lei, meros indícios de crime bastam para um pedido de extradição, não há necessidade de uma sentença transitada em julgado. Então, depois de uma análise minuciosa, entendemos que a chance dele permanecer no Brasil é mínima. Por isso, para encurtar o processo, fomos ao STF concordar com a extradição”.
Flagrante – “Narcofantasma” era procurado pelo mundo desde abril de 2022. Foi em 15 de abril do ano passado que ele entrou para a difusão vermelha da Interpol – ferramenta da Polícia Internacional para encontrar criminosos com a finalidade de extraditá-los – e recebeu a classificação de “perigoso”.
A ficha de Granier Ruiz foi anexada ao pedido de prisão feito pelo Escritório Central Nacional da Interpol no Brasil ao STF, horas depois de o acusado de comandar esquema de tráfico internacional de cocaína ser localizado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-163, em Jaraguari – cidade a 44 km de Campo Grande.
Policiais rodoviários prenderam “Nono” numa terça-feira, dia 28 de março, durante abordagem de rotina a uma Toyota Hilux. Nem armado o homem acusado de ser um “megatraficante” estava.
Ele, porém, se apresentou com nome falso, de Jorge Mendez Ardaya, boliviano que morreu em 2012. Policiais desconfiaram dos documentos e acabaram descobrindo que eram falsificados.
Segundo Granier, as identidades e o passaporte foram comprados em Belém do Pará por quase 6 mil dólares. Ele contou ainda aos policiais que a mudança na aparência o ajudou a transitar sem ser reconhecido. Como era obeso, se submeteu à cirurgia bariátrica e logo depois passou por lipoaspiração, procedimentos que o deixaram bem mais magro, modificando totalmente sua fisionomia.
O apelido de “Fantasma” surgiu pela discrição. Até pouco tempo, o rosto do homem nem era conhecido, porque ele nunca aparecia nem em fotos.
Quem é? – Fora do submundo, o que se sabe é que ele é um é um empresário boliviano, nascido em San Borja (Bolívia), em 11 de dezembro de 1979.
Segundo um relatório da DEA (Drug Enforcement Administration), a agência antidrogas dos Estados Unidos, Granier Ruiz é responsável por uma estrutura dedicada ao transporte de cocaína em pequenos aviões da Bolívia e do Paraguai para a Argentina. Ele também teria negócios com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ele entrou para a lista de procurados da Interpol a pedido da Justiça argentina. “Fantasma” era foragido de ordem de prisão pela acusação de ter coorganizado o transporte de 389 kg de cocaína embalados em sacos de estopa, escondidos na carroceria de uma Ford Ranger cabine dupla. A droga foi apreendida, em 24 de setembro de 2020, na chamada Rota 9, em Paraje Paraíso, província de Buenos Aires.
O criminoso responde a outros oito processos no Tribunal Federal 1 de Salta (Argentina), que o acusam de ser responsável pelas operações de drogas no país vizinho. O homem, porém, não tem condenações, segundo a defesa.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.