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Capital

"Espetacular e generoso", empresário morreu mesmo após pedir desculpas

Adriano Correa do Nascimento, foi morto durante uma briga de trânsito com um policial, na madrugada deste sábado (31)

Luana Rodrigues e Marcus Moura | 01/01/2017 11:43
Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, morto com quatro tiros após uma discussão de trânsito. (Foto: Reprodução/ Facebook)
Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, morto com quatro tiros após uma discussão de trânsito. (Foto: Reprodução/ Facebook)

“Adriano foi uma pessoa espetacular, muito generosa. Pode perguntar por aí, não tinha um que não gostava dele”. É assim que Ronaldo Correia do Nascimento, 36 anos, descreve o irmão, Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, morto com três tiros, dois no peito e um no pescoço, segundo a polícia, após uma discussão de trânsito com o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 46 anos.

Com lágrimas nos olhos, que refletem também a revolta, familiares e amigos acompanham o velório do jovem empresário, realizada numa capela nas Moreninhas. Entre os presentes, ninguém consegue aceitar o que houve e todos pedem Justiça.

“Conversei com Agnaldo (amigo de Adriano, que também estava no carro no momento da confusão), ele disse que depois de fechar o policial, meu irmão desceu pedindo desculpas. E o cara falou que foi legítima defesa. Isso não existe”, diz Ronaldo, bastante emocionado.

Adriano era dono de dois restaurantes de sushi em Campo Grande. Garoto vindo do interior, morava na Capital com a família há cerca de 15 anos. Construiu a vida por aqui.

Ronaldo Correia do Nascimento, 36 anos, no local da morte do irmão. (Foto: Alcides Neto)
Ronaldo Correia do Nascimento, 36 anos, no local da morte do irmão. (Foto: Alcides Neto)

“Minha família está desolada. Eu ia pescar com meus irmãos. Poxa, tiraram meu irmão de mim, uma pessoa boa,querida por todo mundo. Quero esse homem preso por pelo menos 20 anos. Vou gastar tudo o que tenho, todo o dinheiro das nossas empresas,mas quero que ele pague pelo que fez”, reforça o irmão, debaixo de muito choro.

A tristeza é tanta, que a mãe de Adriano, de 64 anos, não conseguiu acompanhar o velório do filho. Ficou por cerca de meia hora, até que passou mal e precisou ir embora.

Conhecidos do rapaz também manifestam a revolta da perda pelo Facebook, e a dor de não poder mais contar com um amigo. “Não dá pra acreditar. Cara do bem, trabalhador que conquistou tudo o que tem com muita luta. Justiça seja feita”, comentou um amigo.

O velório de Adriano está sendo realizado na Rua Ipamerim, bairro Moreninha ll, na Capital. O enterro está marcado para às 15 horas deste domingo, no Cemitério Nacional Parque da Vila Moreninha IV.

“Um inspetor da polícia é para ajudar as pessoas, não para matar. Quero que as pessoas entendam que não é vingança, o que queremos é justiça. Nós vamos tirar ele da sociedade, para que não mate outros”, finalizou o irmão de Adriano.

Confusão - Uma mulher, que pediu para não ser identificada, contou à reportagem que participava do velório de um jovem morto pela polícia e ouviu cinco disparos e o barulho da batida. “Ele estava metade fardado e com a arma em punho”.

Segundo o relato, o policial estava nervoso e um rapaz ferido gritava, desesperado, que ele tinha “matado o Adriano”.

O policial conduzia uma Mitsubishi Pajero e efetuou disparos contra uma Hilux. Adriano, que conduzia a camionete, foi atingido, perdeu o controle da direção e o veículo derrubou um poste de iluminação pública.

Em depoimento, Ricardo disse à Polícia Civil que agiu em legítima defesa ao disparar sete vezes contra os ocupantes da Hilux e confirma que uma briga de trânsito provocou a situação.

Depois de prestar depoimento, o policial rodoviário foi levado para o IML (Instituto de Medicina Legal) e posteriormente será levado para o Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), onde permanecerá preso se não houver decisão que revogue a detenção em flagrante.

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