Abandonado após operação, prédio da Omep vira problema para vizinhos
Depredado, prédio vem sendo alvo constante de furtos, além de virar ponto para uso de drogas
Desde que se tornou alvo de operação e teve contratos encerrados com a Prefeitura Municipal de Campo Grande, o prédio onde funcionava a Omep, no Bairro Tiradentes, está abandonado. O problema que se arrasta por três anos é, que além de ser alvo constante de furtos, a estrutura também passou a abrigar usuários de drogas.
O relato é da vizinhança que mora próximo ao prédio na esquina das ruas Barão de Ubá e Salustiano de Lima. O Campo Grande News fotografou a sujeira acumulada e até documentos das crianças jogados pelo chão. Cheio de infiltrações, o prédio teve telhas, portas e fiação furtadas.
Aposentada, Josete da Silva, de 75 anos, conta que mora há duas décadas na região e hoje sente medo. "Está abandonado, os drogados vem tudo para cá, virou ponto de droga. Meu filho, junto com a polícia, soldou esses portões uns tempos atrás e já arrombaram de novo", lembra.
Mesmo com cadeados, os arrombamentos seguiram durante dia e noite. "Fio, telha, tudo o que tinha levam e ainda estão levando. Acho que os responsáveis tinham que ver essa situação, colocar para alugar, fazer alguma coisa. Porque assim não poderia ficar, com tanta criança precisando estudar", opina Josete.
Os vizinhos chegaram a colocar concertina e até cerca elétrica por questões de segurança. Um outro morador, de 65 anos, diz que mora há 10 no bairro e convida quem quiser presenciar os furtos. "Se você ficar um dia aqui vai ver o pessoal lá levando telhas, é o dia inteiro, um entra e sai de usuários de drogas, ladrões", diz.
Ele conta que ouviu dizer que a Prefeitura faria do prédio um Emei (Escola Municipal de Educação Infantil), os antigos Ceinfs, mas até agora nada. "Essa seria a única solução para acabar com o problema, porque biqueira aqui nesse bairro tem em tudo quanto é esquina", denuncia.
O Campo Grande News tentou localizar os atuais responsáveis pela Omep que são os donos do prédio, mas não obteve retorno. Antigo advogado da instituição, Laudson Ortiz, fala com chateação sobre o abandono da instituição.
"Esse prédio está abandonado depois de tudo o que aconteceu", diz se referindo à Operação Urutau, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em 2016 que investigou a prática de improbidade administrativa, crimes de falsidade ideológica, peculato, lavagem de capitais e associação criminosa pelos presidentes da Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária e Omep (Organização Mundial pela Educação Pré-Escolar), Gilbraz Marques e Maria Aparecida Salmaze.
A investigação apontou que a Omep firmava convênios com a Prefeitura da Capital pelo qual era contratado pessoal terceirizado para diferentes setores, como Assistência Social e Educação. A entidade a presidente foram condenadas peça Justiça que também determinou o rompimento dos convênios.
"Depois assumiu outra diretoria e parou de entrar dinheiro. A Omep não tinha mais condições de funcionar e tentou alugar o prédio para a própria Prefeitura, que chegou a vistoriar, mas desistiu", alega Laudson.
O advogado também fala que o prédio está penhorado pela Justiça e que o próximo passo deve ser o leilão dos prédios. "Leiloaram todos os veículos e os móveis que tinham ali, que era muita coisa, foi tudo furtado. Na minha opinião, a Omep só parou de funcionar e está nessa situação porque a Prefeitura não quis assumir. Eles poderiam ter assumido o prédio, mantido a creche que atendia 180 crianças, mas não quiseram", diz.
O Campo Grande News tentou contato com a Prefeitura que informou que pelo prédio ter restrição judicial, não é possível haver qualquer tipo de parceria ou convênio para uso da estrutura.