Agonia "viajou" junto com pai de Sandro, que soube de assassinato na estrada
Pai de jovem morto pelo PCC mal tinha chegado de viagem a trabalho quando soube do desfecho do caso na terça à noite
A viagem de Dionísio Eleutorio de Oliveira, que rodou estradas na boleia de caminhão para buscar peças, a trabalho, acabou ontem à noite, 28 de julho, com a mensagem “de uma delegada”. Por telefone, ele ficou sabendo que o filho, Sandro Lucas de Oliveira, desaparecido desde o dia 8 de dezembro do ano passado, foi morto aos 24 anos no “tribunal do crime”.
Espécie de lei às avessas, a prática de executar inimigos, desafetos ou até "ex-irmãos” tem ganhado as periferias das cidades onde o PCC (Primeiro Comando da Capital) estabelece domínio.
A “agonia constante” que envolve a suspeita de que o filho tivesse sido levado "no tribunal" acompanhou a família de Sandro na viagem a trabalho, conforme relatou o pai da vítima.
Ontem à noite não tiveram tempo de "tirar a poeira da estrada" e já souberam que a suspeita se confirmava: Sandro foi assassinado de forma brutal por executor do PCC.
Nesta quarta-feira (29), Dionisio e Lalier Cristina de Jesus de Oliveira estavam no complexo da Cepol, onde também funciona a DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídios), que investigou o caso, para tratar da “burocracia” da morte do filho.
Sidney Jesus Rerostuk, de 27 anos, conhecido como "Kapetinha", foi preso por policiais da DEH, dentro de casa, no Jardim Balsamo, ontem à noite, em cumprimento a mandado de prisão pela morte de Sandro. No endereço, ele também foi flagrado com sete porções de cocaína.
A Polícia Civil encontrou na região da Chácara dos Poderes os restos mortais da vítima. O local foi indicado por Sidney, que confessou ter executado o jovem a mando do PCC. Sandro era, também, envolvido com o mundo do crime e ligado à roubo e tráfico, mas a questão pouco importa para quem tem “viagem” que nunca acaba: a de perder um filho.
Emocionado, Dionísio contou às pressas, enquanto saía da delegacia para resolver pendência, que a esposa “ainda estava resolvendo” os trâmites desde a confissão do crime pelo executor.
“Essa agonia vem desde o dia 8 de dezembro quando ele sumiu. Sem palavras. É muito difícil”, disse, entre pausas. “A agonia é constante. É sofrido. É meu filho, sangue do meu sangue, e a forma como tudo aconteceu...”, comentou.
Ainda não há informações sobre os rituais de despedida: velório e enterro. Por enquanto, a viagem continua no Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal), onde os pais de Sandro têm a difícil missão de aguardar laudo que confirme que o material genético encontrado junto aos restos mortais é o mesmo “sangue” que carregam no próprio corpo.