ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Agonia "viajou" junto com pai de Sandro, que soube de assassinato na estrada

Pai de jovem morto pelo PCC mal tinha chegado de viagem a trabalho quando soube do desfecho do caso na terça à noite

Izabela Sanchez e Kisie Ainoã | 29/07/2020 11:26

A viagem de Dionísio Eleutorio de Oliveira, que rodou estradas na boleia de caminhão para buscar peças, a trabalho, acabou ontem à noite, 28 de julho, com a mensagem “de uma delegada”. Por telefone, ele ficou sabendo que o filho, Sandro Lucas de Oliveira, desaparecido desde o dia 8 de dezembro do ano passado, foi morto aos 24 anos no “tribunal do crime”.

Espécie de lei às avessas, a prática de executar inimigos, desafetos ou até "ex-irmãos” tem ganhado as periferias das cidades onde o PCC (Primeiro Comando da Capital) estabelece domínio.

Sandro, assassinado no tribunal do crime à mando do PCC (Foto: Reprodução)
Sandro, assassinado no tribunal do crime à mando do PCC (Foto: Reprodução)

A “agonia constante” que envolve a suspeita de que o filho tivesse sido levado "no tribunal" acompanhou a família de Sandro na viagem a trabalho, conforme relatou o pai da vítima.

Ontem à noite não tiveram tempo de "tirar a poeira da estrada" e já souberam que a suspeita se confirmava: Sandro foi assassinado de forma brutal por executor do PCC.

Nesta quarta-feira (29), Dionisio e Lalier Cristina de Jesus de Oliveira estavam no complexo da Cepol, onde também funciona a DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídios), que investigou o caso, para tratar da “burocracia” da morte do filho.

Sidney Jesus Rerostuk, de 27 anos, conhecido como "Kapetinha", foi preso por policiais da DEH, dentro de casa, no Jardim Balsamo, ontem à noite, em cumprimento a mandado de prisão pela morte de Sandro. No endereço, ele também foi flagrado com sete porções de cocaína.

A Polícia Civil encontrou na região da Chácara dos Poderes os restos mortais da vítima. O local foi indicado por Sidney, que confessou ter executado o jovem a mando do PCC. Sandro era, também, envolvido com o mundo do crime e ligado à roubo e tráfico, mas a questão pouco importa para quem tem “viagem” que nunca acaba: a de perder um filho.

O complexo da Cepol nesta manhã (Foto: Kisie Ainoã)
O complexo da Cepol nesta manhã (Foto: Kisie Ainoã)

Emocionado, Dionísio contou às pressas, enquanto saía da delegacia para resolver pendência, que a esposa “ainda estava resolvendo” os trâmites desde a confissão do crime pelo executor.

“Essa agonia vem desde o dia 8 de dezembro quando ele sumiu. Sem palavras. É muito difícil”, disse, entre pausas. “A agonia é constante. É sofrido. É meu filho, sangue do meu sangue, e a forma como tudo aconteceu...”, comentou.

Ainda não há informações sobre os rituais de despedida: velório e enterro. Por enquanto, a viagem continua no Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal), onde os pais de Sandro têm a difícil missão de aguardar laudo que confirme que o material genético encontrado junto aos restos mortais é o mesmo “sangue” que carregam no próprio corpo.

Nos siga no Google Notícias