Após flagrante, um culpa e outro inocenta "Madrinha do PCC"
O depoimento dos presos foi contraditório. Enquanto um apontou Márcia como mandante dos crimes o outro negou

Depoimentos dos jovens responsáveis pelo roubo de pelo menos dois veículos em Campo Grande a mando de Márcia Paschoala Espirito Santo, a “Madrinha do PCC”, de 43 anos, revelaram versões diferentes sobre os crimes. Para a polícia, o adolescente de 15 anos assumiu a “ideia” dos assaltos e até a “convocação” do comparsa.
Márcia e os dois rapazes – o adolescente e Rafael Mendes de 23 anos – foram presos no sábado (25) após vítima de 42 anos denunciar o roubo de uma picape Fiat Strada. Ela relatou a polícia estava perto do Lago do Amor quando foi surpreendida pelos assaltantes, que estavam em uma motocicleta Honda CG 150.
O passageiro carregava um revólver calibre 22, desceu da moto e forçou a motorista descer da picape, chegou a empurrar ela no chão, antes de ordenar que assumisse a direção novamente e seguisse o caminho apontado por ele. Ela obedeceu e após alguns quilômetros, foi deixada em frente ao Cemitério Parque das Primaveras.
O veículo, no entanto, tinha rastreador, e a partir disso os policiais conseguiram chegar a casa em que os suspeitos deixaram o veículo roubado. Eles foram abordados minutos depois, quando voltavam ao local. A arma usada no crime e a moto foram encontradas pela polícia em outro endereço, indicado pela dupla após o flagrante. Ainda foram apreendidas munições com a dupla.
Foi durante o flagrante também que ambos atribuíram a ordem do crime a “Madrinha do PCC” e até confessaram outro roubo, a uma Fiat Toro, realizado na noite anterior. Na delegacia, no entanto, o adolescente negou conhecer Márcia ou manter qualquer contato com ela.
Em depoimento ele negou também qualquer relação com Márcia. Assumiu a responsabilidade por convidar o amigo para cometer os assaltos. Disse que comprou a arma calibre 22 de um desconhecido por R$ 1 mil e que os dois veículos roubados foram escolhidos “ao acaso”.
Já o jovem de 23 anos relatou que é do Mato Grosso, mas foi preso por tráfico de drogas em Dourados no ano de 2017 e ficou na cadeia até março deste ano. Conheceu o adolescente assim que saiu e foi morar com ele.
No dia 24 de junho, o amigo convidou para roubar e apresentou Márcia para ele. Era a mulher, segundo conta o jovem, que teria contato de possíveis compradores para os veículos roubados. A exigência era apenas uma: os carros precisavam ser do ano ou novos.
Para o crime usaram a moto e a arma que eram do adolescente. Foi o suspeito mais novo que rendeu as vítimas e dirigiu os veículos. No primeiro crime, afirmou, a intenção era entregar a Toro direto para a Madrinha do PCC, mas no caminho ele se distraiu e colidiu na traseira da caminhonete. O acidente chamou atenção e por isso a abandonaram na rua.
No dia seguinte tentaram o novo crime. Após o roubo, deixaram a picape na casa em que morava, levaram a arma para casa da mãe do adolescente e saíram no carro emprestado de um amigo. Foram abordados pelos policiais quando estavam voltando para casa. Em depoimento, afirmou ainda que não sabe explicar a relação do adolescente com a “Madrinha do PCC”.
Márcia também foi levada para prestar depoimento, mas permaneceu em silêncio.
Sequestro – Márcia Paschoala foi presa pela primeira vez no dia 9 de maio, junto do primo dela, Gemerson Matheus, de 26 anos, e Edelson Padilha Conceição, de 36 anos. Este último foi o responsável por levar o caminhão roubado para a fronteira com a Bolívia. Ele foi pego em Miranda.
Todos foram capturados no mesmo dia, mas a mulher teve prisão domiciliar concedida, com monitoramento por tornozeleira eletrônica, em razão de ela estar amamentando a filha de dois anos. Ela ainda tem um menino de apenas 5 anos. Para a polícia, explicou que os filhos ficaram na casa de uma amiga após sua prisão neste fim de semana.