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Capital

Bilhete em papel higiênico foi estopim para nova fase da Operação Omertà

Nesta manhã equipes saíram nas ruas de cinco cidades para cumprir 18 mandados de busca e apreensão na segunda fase da operação

Geisy Garnes | 17/03/2020 17:49
Policiais do Bope em prédio no Centro de Campo Grande alvo de operação. (Foto: Marcos Maluf)
Policiais do Bope em prédio no Centro de Campo Grande alvo de operação. (Foto: Marcos Maluf)


Bilhete escrito em papel higiênico por detento do presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN) foi estopim para a nova fase da operação Omertà, que investiga grupo de extermínio em Mato Grosso do Sul.

Foram cumpridos, nesta terça-feira (17) mandados de busca e apreensão, no total de 18, contra suspeitos de planejar atentados contra a vida de autoridades envolvidas na operação.

Conforme nota divulgada nesta tarde pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o responsável pelas anotações ficava entre as celas de Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, (42 anos) e anotava todas as conversar que ouvia entre eles e dois advogados, identificados como David Moura de Olindo e Adailton Raulino Vicente da Silva, ex-delegado de Polícia Civil. Ambos foram alvo de busca, o primeiro em Sidrolândia (MS) e o outro em João Pessoa (PB).


Eram os advogados, segundo a investigação, que comunicavam pessoalmente as ordens relativas ao plano de atentado as pessoas identificadas nas anotações.

O “relatório” do preso aponta que as ordens de execução eram destinadas a dois promotores do Gaeco e ao delegado do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro) Fábio Peró e sua família.

Trecho de anotações em papel higiênico.
Trecho de anotações em papel higiênico.

Baseado nas anotações a polícia acredita que os líderes da organização pagaram para o ex-guarda municipal Marcelo Rios assumir as mortes atribuídas a eles. O pedaço de papel higiênico acabou apreendido pelos agentes penitenciários e foi repassado ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional), que avisou o Gaeco sobre as possíveis ameaças.

Jamil Name e Jamil Name filho estão na ala destinada a presos reclusos em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) do presídio de Mossoró. Também estão no presídio o guarda Marcelo Rios e os policiais Vladenilson Omedo, o "Vlad", e Márcio Cavalcanti da Silva.

Agora documento da investigação, o papel com as anotações foi anexado à medida investigatória em que foram autorizadas as buscas feitas hoje, pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal.

A operação – Nesta manhã, policiais foram as ruas de Campo Grande, Sidrolândia, Aquidauana, Rio Verde e Rio Negro e de João Pessoa, na Paraíba, para cumprir 18 mandados de busca e apreensão.

Entre os alvos das ações, estavam os dois advogados citados na nota, David Moura de Olindo e Adailton Raulino Vicente da Silva – um com escritório em Sidrolândia e outro em João Pessoa – e o conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul) Jerson Domingos, que acabou levado a delegacia por conta de uma arma sem registro encontrado em seu aparamento.

Os policiais também estiveram no apartamento de Tereza Name, mulher de Jamil Name. Ao Campo Grande News, o advogado criminalista Renê Siufi afirmou que o mandado estava no nome da namorada de "Jamilzinho", que não mora mais no local, conforme o defensor. Outros endereços ligados a família também foram alvos de busca e apreensão.

Até o momento, as ações resultaram na apreensão de cinco espingardas, cinco revólveres, 160 munições de diversos calibres, além de uma moto com sinal de adulteração.

Movimentação no Garras, delegacia onde estão concentradas as investigações. (Foto: Marcos Maluf)
Movimentação no Garras, delegacia onde estão concentradas as investigações. (Foto: Marcos Maluf)


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