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Capital

Com risco de ser preso, Puccinelli recorre a amigos para pagar fiança

Ex-governador tem até segunda-feira para arrecadar R$ 1 milhão e não pode recorrer a empréstimo bancário

Anahi Zurutuza e Lucas Junot | 16/05/2017 17:47
O advogado Renê Siufi e André Puccinelli deixam o Gaeco depois que o ex-governador prestou depoimento em 2015 (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
O advogado Renê Siufi e André Puccinelli deixam o Gaeco depois que o ex-governador prestou depoimento em 2015 (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

O ex-governador André Puccinelli (PMDB) está conversando com amigos e familiares para arrecadar R$ 1 milhão e pagar a fiança arbitrada pela Justiça Federal. “Ele está cuidando pessoalmente disso”, afirmou o advogado Renê Siufi, defensor do líder peemedebista.

Siufi reafirma que Puccinelli não tem como quitar a dívida com o Judiciário sem ajuda, uma vez que seus bens estão bloqueados desde o ano passado. “Ele tem R$ 1 milhão, mas está bloqueado, então a alternativa tem sido correr atrás de pessoas amigas que possam emprestar esse dinheiro a ele”.

O advogado explica que um empréstimo bancário também é inviável, uma vez que ele não tem patrimônio para colocar de garantia.

Para o defensor, a juíza Monique Marchioli Leite, substituta na 3ª Vara Federal de Campo Grande, tomou medidas muito rigorosas contra Puccinelli.

Ele comentou ainda que o juiz Fabio Luparelli se mostrou mais sensível ao ampliar o prazo para que o ex-governador providencie o pagamento da fiança. “Quem levanta R$ 1 milhão de uma hora para a outra?”

Exagero – Renê Siufi também reiterou considerar um exagero a imposição do uso de tornozeleira eletrônica. “Não há risco de fuga, ele [Puccinelli] está colaborando. É completamente desnecessário o uso de tornozeleira”.

No entanto, outro recurso, pedindo justamente a revogação das medidas restritivas diversas da prisão, só deve ser entregue à Justiça na próxima semana. Até segunda-feira [22], data limite para o pagamento da fiança, todo o esforço está sendo concentrado em levantar o dinheiro, segundo o advogado.

O advogado fez questão de dizer que Puccinelli é apenas investigado e que, por enquanto, não há acusação contra ele. “Não há que se falar em defesa em relação ao Dr. André, porque não há processo algum contra ele e nem sequer provas. Ele não está sendo acusado de nada, até o momento só se tem ilações”.

Ex-governador (de camisa azul) ao entrar no Patronato Penitenciário, onde colocou a tornozeleira eletrônica na quinta-feira passada (Foto: André Bittar/Arquivo)
Ex-governador (de camisa azul) ao entrar no Patronato Penitenciário, onde colocou a tornozeleira eletrônica na quinta-feira passada (Foto: André Bittar/Arquivo)

Alternativas à prisão – Na semana passada, o MPF (Ministério Público Federal) pediu a prisão preventiva de André Puccinelli argumentando que ele faz parte de esquema esquema que desviou R$ 150 milhões dos cofres públicos.

Ao negar o pedido de prisão preventiva do alvo da 4ª fase da operação Lama Asfáltica, a Justiça determinou uma série de medidas cautelares diversas da prisão: além da fiança, o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de se ausentar da Capital por mais de dez dias sem prévia autorização judicial, recolhimento noturno a partir das 21h, proibição de estabelecer contato com os demais investigados e comparecimento mensal em juízo.

Em caso de descumprimento de qualquer uma das condições, poderá ser decretada a prisão preventiva.

A defesa de Puccinelli recorreu da decisão da primeira decisão, mas no fim de semana, a juíza negou o pedido de retirar a exigência de fiança.

O advogado entrou com novo recurso nesta segunda-feira, pedindo que a Justiça então sequestrasse R$ 1 milhão das contas bloqueadas do ex-governador ou em bens. Segundo Siufi, como a juíza saiu de férias, Fabio Luparelli assumiu o caso.

Ele indeferiu o pedido de sequestro do valor, mas deu prazo de cinco dias úteis para que o ex-governador providencie o pagamento.

O patrimônio do ex-governador, que na quinta-feira passada foi levado para depor na sede da Polícia Federal, não mereceu destaque no pedido de prisão. Mas, consta que a investigação descobriu vários indícios de que ele bens em nome de laranjas.

Policiais federais após a coleta de documentos em um dos 32 endereços vasculhados no dia 11 de maio (Foto: Marina Pacheco)
Policiais federais após a coleta de documentos em um dos 32 endereços vasculhados no dia 11 de maio (Foto: Marina Pacheco)

Lama Asfáltica – Antes das 6h do dia 11 de maio, a Polícia Federal saiu às ruas de Campo Grande e mais cinco cidades para prender três pessoas, levar outras nove para depor e vasculhar 32 endereços em busca de provas contra organização criminosa investigada por desvio de dinheiro público.

No Estado, naquele dia, equipes comandadas pela força-tarefa cumpriram dois dos três mandados de prisão e um dos alvos, Jodascil da Silva Lopes, foi considerado foragido. Ele se apresentou à PF nesta segunda-feira (15).

Foram presos André Luiz Cance, ex-secretário-adjunto de Estado de Fazenda, e Mirched Jafar Júnior, dono da Gráfica e Editora Alvorada.

Dentre os alvos de mandados de condução coercitiva – quando a pessoa é obrigada a ir até a sede da PF para depor – estavam o ex-governador e o filho dele, André Puccinelli Junior.

A Lama Asfáltica, deflagrada em 2015 com base em investigações que começaram em 2013 e sobre o período de 2011 a 2014, apurou que a organização criminosa causou prejuízo de aproximadamente R$ 150 milhões aos cofres públicos, por meio de fraudes de licitações, desvio e lavagem de dinheiro.

Os investigadores – da PF, CGU (Controladoria-Geral da União) e da Receita Federal – estão em busca, justamente, do rastro do montante milionário que teriam sido desviados.

A quarta etapa da operação foi batizada de Máquinas de Lama porque investigadores apuraram que parte dos pagamentos de propina era feitos por meio do aluguel de maquinário. Outras fases foram nomeadas Fazendas de Lama e Aviões da Lama.

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