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Capital

Contra epilepsia, criança toma última dose de canabidiol e mãe clama por entrega

Existe determinação judicial para que plano de saúde faça a compra do medicamento para o menino

Por Lucia Morel | 01/04/2024 18:55
Leonardo, em sessão de fisioterapia em clínica de Campo Grande. (Foto: Arquivo pessoal)
Leonardo, em sessão de fisioterapia em clínica de Campo Grande. (Foto: Arquivo pessoal)

A última dose de medicamento à base de canabidiol contra epilepsia Lennox–Gastaut do pequeno Leonardo, de 5 anos, foi dada hoje pela mãe. Segundo ela, Valquíria Ribeiro, de 38 anos, houve atraso na compra pelo plano de saúde que atende o menino, a Unimed. Existe determinação judicial para que o plano faça a compra do medicamento (quatro frascos a cada dois meses).

Valquíria conta que ainda em dezembro do ano passado, quando ele recebeu os quatro frascos, ela já encaminhou pedido à Unimed para compra, informando que as guias de autorização estavam liberadas. Mas a cooperativa o fez apenas em 14 de março, conforme detalhes do trânsito do pedido, que vem dos Estados Unidos.

“Esse medicamento foi o que reduziu em 80% as crises dele. Usamos outros, mas não deram efeito. E essa epilepsia que ele tem dá crises frequentes e eu estou desesperada”, afirmou. Sem ter a quem recorrer, ela procurou o Campo Grande News na tentativa de acelerar o processo de entrega ou de conseguir alguma outra medida.

“Tudo que se refere ao tratamento ou terapias do meu filho eu tento agilizar o quanto antes, para não ter problema. Sempre que chega uma remessa, eu já entro em contato com a Unimed fazendo o pedido para liberar as guias, para ninguém esquecer. Desta vez, em dezembro já estava tudo certo e a farmacêutica que sempre me atendeu disse que entraria de férias, mas que deixaria tudo organizado para que a outra fizesse o pedido. Mas não foi o que ocorreu”, lamentou a mãe.

Em e-mail à cooperativa, no dia 30 de março, ela afirmou à empresa que “irei deixar registrado, se algo ocorrer com ele por erro do setor que não efetuou a compra, vocês são responsáveis”. Ela disse também que “ele está em tratamento, não posso deixar ele sem o medicamento ou diminuir a dosagem”, finalizando que “eu quero uma solução o mais urgente possível. O medicamento está no fim”.

A reportagem entrou em contato com a Unimed, que informou que, no caso específico do Leonardo, “[...] o medicamento do paciente foi adquirido e todas as providências possíveis foram tomadas para o seu pronto atendimento, sendo que, nas próximas horas, o mesmo terá sua demanda atendida”.

Também disse que a cooperativa “cumpre rigorosamente todas as determinações judiciais e adota uma conduta padrão, visando oferecer sempre a melhor assistência aos nossos beneficiários”.

Em contato com a mãe, ela informou que a Unimed conseguiu medicamento emprestado com outra mãe cujo filho tem o mesmo problema de saúde, o que vai garantir o tratamento de Leonardo até a chegada dos novos frascos.

Caixa de Purodiol 200 mg usado por Leonardo contra epilepsia. (Foto: Arquivo pessoal)
Caixa de Purodiol 200 mg usado por Leonardo contra epilepsia. (Foto: Arquivo pessoal)

Síndrome - Conforme o site Archives of Health Investigation (Arquivos de Investigações em Saúde, em tradução literal), a SLG (síndrome de Lennox–Gastaut) é uma encefalopatia epilética severa da infância que corresponde a 5% das epilepsias infantis, com início entre 1 e 8 anos de idade.

Caracteriza-se por retardo mental progressivo, crises de múltiplos tipos. A etiopatogenia é obscura, sugerindo reação inespecífica de lesão cerebral e tratamento, geralmente ineficaz, com uso de valproato e benzodiazepínicos. O prognóstico é ruim, com pequeno número de pacientes com controle das crises.

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