Crianças pedem, mas pais com medo do vírus seguram filhos em casa
Nos arredores da Emei do Jardim Noroeste, pais explicam o porquê de não levarem filhos para ensino presencial
"Ela acha que ainda não dá pra voltar, mas eu queria". A fala inocente é de David Oliveira Evangelista, de 9 anos, que acatou a decisão da mãe de não voltar para às aulas presenciais sob protesto. O menino quer muito poder reencontrar os amigos e conhecer os professores pessoalmente, mas como para a mãe ainda não é hora, ele segue em casa.
Dona de casa e mãe de David, Mayara dos Santos, de 31 anos, sabe que o filho está doido para retornar. No entanto, a mãe não se sente preparada ainda. "Já fui na escola e assinei o termo para as aulas on-line. Quero que ele vá para a escola, mas não agora, não é o momento ainda", explica.
A mãe argumenta que cuida tanto em casa que as crianças mal saem, mas escola adentro ela não tem como saber como será. "Tenho três filhos, ele é o único que estuda, ainda tenho um bebê, então fico com muito medo", diz.
Nessa segunda-feira (26), as aulas presenciais da rede municipal de ensino voltaram por etapas, com escalonamento e horários de entrada e saída para evitar aglomerações.
Depois de 16 meses longe da escola, as crianças sentem falta do convívio pessoal e de estar em sala. Os pais sabem disso, mas ainda não se sentem seguros para o retorno. Comerciante, Flávia Aparecida Moreira, de 31 anos, tem uma filha de 7. Micaella está no 1° ano e tem muitos sonhos.
Mesmo sabendo da importância do retorno das aulas presenciais e que na escola os alunos aprendem mais do que em casa, a mãe ainda não consegue mandar a filha para a escola.
"Eu quero mandar, precisamos dar esse voto de confiança, mas a gente fica com um pé atrás, porque nós pais estamos cuidando em casa dos nossos, mas não sabemos como os outros estão cuidando dos deles", explica.
Ainda nesta semana, Flávia deve voltar à escola para uma outra reunião, e caso decida pelo retorno presencial, a filha já sabe de todas as recomendações. "Eu já orientei sobre a importância de manter a distância dos colegas, o uso correto da máscara e também da higienização das mãos", repete a mãe.
Sobre a pandemia, Micaella Paloma Moreira Pereira tem a resposta na ponta de língua. "Está tudo cheio de vírus que infecta todo mundo".
Quanto aos estudos, em casa a menina tem levado muito a sério, em especial pelo sonho que tem de ser policial. "Eu queria voltar, ver meus amiguinhos, minha escola e professora", completa.
