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Capital

Defesa pede anulação de exame que atestou sanidade de ré por morte de chargista

Defensor questiona legalidade de exame, em que foi atestada capacidade mental de Clarice para cometer crime

Silvia Frias | 01/10/2021 09:44
Clarice Silvestre se entregou à polícia está no presídio feminino Irmã Irma Zorzi (Foto/Reprodução)
Clarice Silvestre se entregou à polícia está no presídio feminino Irmã Irma Zorzi (Foto/Reprodução)

A defesa da massagista Clarice Silvestre de Azevedo, 44 anos, acusada de matar o chargista Marco Antônio Borges, pediu a anulação do exame de insanidade mental, que atestou a capacidade dela para entender o crime cometido.

Clarice está presa desde dia 24 de novembro de 2020, quando confessou ter matado o chargista no dia 21 daquele mês. Borges foi esfaqueado, esquartejado e colocado dentro de uma mala, jogada em terreno baldio e incinerado.

O defensor público Ronaldo Calixto Nunes alegou que o exame foi realizado por profissional não oficial e, ainda, uma psicóloga, contrariando o Código de Processo Penal, que exige elaboração por médico psiquiatra.

A alegação foi apresentada no fim de agosto e ainda não foi apreciada pelo juiz da 1ª Vara do Tribunal do Juri, Carlos Alberto Garcete.

Na alegação, Calixto contesta o exame elaborado pela psicóloga Ignês Stephanini. Na avaliação dela, apesar dos testes indicarem algum grau de dificuldade para solucionar problemas práticos do cotidiano e a depressão moderada, Clarice “tem recursos psicológicos para lidar com as pressões do ambiente e situações da vida diária”.

Marco Borges foi esfaqueado e teve corpo esquartejado (Foto/Reprodução)
Marco Borges foi esfaqueado e teve corpo esquartejado (Foto/Reprodução)

A psicóloga atesta o quadro depressivo moderado e recomenda tratamento ambulatorial, com acompanhamento psicológico e psiquiátrico. “(...) não existe nexo causal entre a maneira como o crime foi cometido com o transtorno depressivo”.

Para o defensor, além de contrariar o Código de Processo Penal, por designar profissional não oficial e de formação diferente da exigida, o resultado do exame também deixa lacunas sobre o estado mental de Clarice no momento do crime.

Segundo Calixto, a profissional não leva em conta situações traumáticas vividas anterioremente, como a morte de filho, em 2013 e como isso pode ter influenciado no momento do crime.

“O contexto fático acrescido com as condutas, personalidade e histórico de vida da acusada é justamente a problemática que pende de ser esclarecida”.

Nas alegações, o defensor pede, preliminarmente, a suspensão do exame de insanidade até julgamento do recurso e, posteriormente, a nulidade. No processo, alega que Clarice é inocente das acusações, mas que somente irá apresentar todos os argumentos em caso de julgamento.

Porém, já apresenta alegações para tentar retirar as qualificadoras. Em relação ao motivo torpe, o defensor argumenta que foram apresentados situações diferentes para o fato, já que a denúncia alega que foi o fato do chargista não assumir o relacionamento. Clarice, em depoimento, diz que foi por ter sido empurrada por ele durante discussão sobre o assunto.

O empurrão também é citado para desqualificar dificuldade de defesa, já que ela diz que foi agredida antes, com empurrão e dois tapas nos ouvidos. O emprego de meio cruel, segundo o defensor, somente pode ser considerado se foi utilizado para aumentar o sofrimento desnecessário da vítima.

O crime – Clarice foi presa em São Gabriel do Oeste, depois de se entregar à polícia. Desde novembro, está no presídio feminino Irmã Irma Zorzi.

No depoimento à DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), Clarice confessou o crime e disse que o cometeu após as agressões, desencadeadas pela briga entre o casal.

Depois, pediu ajuda ao filho, João Vitor Silvestre de Azevedo, 21 anos, para esquartejar o corpo, colocá-lo em uma mala e leva-lo a um terreno, no Jardim Corcovado, onde foi queimado.

Em depoimento à Justiça, no dia 17 de maio, Clarice e o filho mantiveram-se em silêncio. João Victor responde por ocultação de cadáver e também por concurso de pessoas.

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