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Capital

Delegado-geral fala por 2 horas sobre briga com colega que investiga “mafiosos”

Adriano Garcia Geraldo deixou a Corregedoria por volta das 19h20, “blindado” por forte aparato de segurança

Anahi Zurutuza e Clayton Neves | 03/12/2021 19:09
Momento que delegado-geral entra em viatura da DGPC em local onde não era possível fotografá-lo. (Foto: Paulo Francis)
Momento que delegado-geral entra em viatura da DGPC em local onde não era possível fotografá-lo. (Foto: Paulo Francis)

Por pouco mais de duas horas, o delegado-geral Adriano Garcia Geraldo falou a três corregedores sobre as circunstâncias da briga que teve com a colega, Daniella Kades, durante reunião com todos os chefes de delegacias de Campo Grande.

Pressionada no encontro, a delegada, integrante da força-tarefa responsável pelas investigações contra grupo de extermínio que atuou em Mato Grosso do Sul por décadas, recusou-se a dizer os nomes de alvos de inquéritos, porque “não confia na polícia” e foi então acusada por Geraldo de “insubordinação grave em serviço”.

Delegado Sérgio Luiz Duarte, um dos corregedores que ouviu o chefe. (Foto: Paulo Francis)
Delegado Sérgio Luiz Duarte, um dos corregedores que ouviu o chefe. (Foto: Paulo Francis)

Nesta sexta-feira, o delegado foi à Corregedoria para depor, na condição de denunciante, contra a colega. Ele chegou ao local antes de 13h40 e só saiu por volta das 18h30, “blindado” por forte aparato de segurança, embora o depoimento em si tenha durado cerca de duas horas, de acordo com o delegado Sérgio Luiz Duarte, um dos corregedores.

Duarte não comentou o teor da oitiva, porque o PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra Kades corre em sigilo, mas explicou que os advogados enviados por ela tiveram a oportunidade de fazer perguntas ao seu acusador, para que fosse respeitado os princípios do contraditório e ampla defesa.

Os defensores da delegada preferiram não comentar o assunto e nem revelar os nomes.

Na saída de Adriano, viatura da DGPC (Delegacia-Geral de Polícia Civil) manobrou dentro do estacionamento da Corregedoria para impedir que ele fosse fotografado, assim como os carros, onde estavam o delegado-geral e faziam a escolta dele, deixaram a garagem do prédio na Rua das Garças com os faróis altos, o que dificulta a confecção de imagens.

A briga e os desdobramentos - Áudio da briga foi divulgado pelo Campo Grande News no dia 4 de novembro e revelou que o desentendimento aconteceu depois que Kades se negou a falar os nomes de investigados pela força-tarefa montada contra grupo ligado ao jogo do bicho, acusado também de uma série de assassinatos em Mato Grosso do Sul.

Ao ser questionada dos motivos, a delegada apontou indícios do envolvimento do chefe com a “mafiosos”.

Kades também já foi ouvida no inquérito da Corregedoria e precisou ir ao Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) para explicar as “acusações” que fez contra o delegado-geral.

A divulgação do áudio da discussão deu início a uma série de denúncias contra a administração de Adriano Garcia Geraldo. Dois pedidos de investigação foram registrados no Ministério Público contra o chefe da Polícia Civil. O primeiro, um pedido de apuração sobre a ligação de Garcia com o jogo do bicho e o segundo pede o afastamento dele do cargo.

Críticas sobre ações da "Operação Deu Zebra", realizada quase que semanalmente contra o jogo do bicho, vieram à tona. Entre as reclamações, estão o fato das equipes "ignorarem" os líderes, que lucram pesado com o jogo de azar, e serem retirados das unidades que deveriam estar à frente de investigações de outros crimes, como roubos, homicídios e furtos, para "enxugar gelo", fechando as banquinhas dos apontadores da loteria ilegal.

No meio das polêmicas, Adriano entrou de férias por 15 dias. Ele voltou ao cargo nesta quarta-feira (1°).

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