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Capital

Denúncia do MP lista 15 testemunhas contra Name por morte de estudante

Uma delas é o pai da vítima, o capitão Paulo Roberto Teixeira Xavier, que aparece como "informante" no processo

Marta Ferreira | 13/12/2019 19:42
Jamil Name e Jamil Name Filho foram denunciados nesta sexta-feira como mandantes de execução por engano. Agora, o juiz vai decidir se vão virar réus. (Foto: Reprodução internet)
Jamil Name e Jamil Name Filho foram denunciados nesta sexta-feira como mandantes de execução por engano. Agora, o juiz vai decidir se vão virar réus. (Foto: Reprodução internet)

Três promotores do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que atuam junto ao Tribunal do Júri, assinam denúncia protocolada nesta sexta-feira (13) no Fórum de Campo Grande contra os empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, 42 anos, agora formalmente acusados de serem os mandantes da execução do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, ocorrida em 9 abril deste ano. O jovem foi fuzilado, com tiros de AK-47, na porta de casa, no lugar do verdadeiro alvo, o capitão reformado da Polícia Militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, 42 anos, que figura na peça acusatória como “informante”, em relação de 15 testemunhas apresentada pelos promotores.

Além dos Name - presos desde 27 de setembro como chefes de grupo de extermínio alvo da Operação Omertà - também foram denunciados o policial civil aposentado Vladenilson Daniel Olmedo, o “Vlad”, 63 anos, os ex-guardas civis José Moreira Freires, 46 anos, o “Zezinho”, Juanil Miranda Lima, 43 anos, Marcelo Rios, 42 anos, e ainda o técnico em informática Eurico dos Santos Mota, 28 anos.

Eurico foi a peça-chave para o fechamento do inquérito policial e consequente denúncia à justiça. Foi com as informações dele que a investigação fechou o elo entre o crime e a milícia armada. Ele ficou foragido de 23 de outubro até o dia 20 de novembro, quando foi localizado em Joinville (SC).

Dos sete acusados, cinco estão presos e dois estão foragidos, Zezinho e Juanil, apontados como os pistoleiros executores de Matheus. No dia, segundo a investigação, incendiaram o carro usado e descartaram a arma de alto poder de fogo empregada no crime de pistolagem.

O inquérito sobre a execução foi concluído no último dia 5 de dezembro e agora, uma semana depois, vem a acusação. O caso agora aguarda a decisão do juiz responsável sobre a transformação ou não do grupo em réu.

O capitão reformado Paulo Roberto Teixeira Xavier usa camiseta com a foto do filho vítima de execução no lugar dele. (Foto: Henrique Kawaminami)
O capitão reformado Paulo Roberto Teixeira Xavier usa camiseta com a foto do filho vítima de execução no lugar dele. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Informante” – No texto, os promotores relacionam as testemunhas contra os acusados e solicitam a designação de audiência para ouvi-las, primeiro passo do andamento da ação, se for acatada.

O pai da vítima, e verdadeiro alvo dos pistoleiros, segundo apurou a reportagem, entra na relação como informante porque, nessa condição, segundo a lei, não tem “compromisso com a verdade”. Escapa, assim, de acusação de falso testemunho dependendo do que disser.

As outras 14 testemunhas vão dos responsáveis pela investigação até peças-chaves nas apurações, como a esposa do ex-guarda Marcelo Rios, que chegou a ser ameaçada pela organização criminosa, de acordo com o conteúdo já tornado público da Operação Omertá. A operação prendeu os Name e mais 20 pessoas acusadas de integrar a rede de crimes de pistolagem no dia 27 de setembro. De lá para cá, já foram apresentadas denúncias envolvendo formação de milícia armada, organização criminosa, extorsão, tráfico de armas e corrupção de agentes públicos.

Contra os sete denunciados de ontem, a acusação pelo assassinato de Matheus Coutinho Xavier  inclui homicídio doloso qualificado, receptação e porte ilegal de arma de uso restrito.

A peça não traz novidades em relação ao que já foi divulgado. Segundo a denúncia, Jamil Name e o filho foram os responsáveis pela encomenda. Vladenilson e Marcelo Rios, este último preso em maio com arsenal atribuído à organização criminosa, são, conforme os trabalhos de força-tarefa de cinco delegados os intermediadores na escolha dos pistoleiros. Eurico, por sua vez, fez trabalho o trabalho de monitorar Paulo Roberto Teixeira Xavier e indicar sua localização aos executores.

Equipes da polícia e pericia criminal no local onde o crime foi cometido, em 9 de abril. (Foto: Paulo Francis)
Equipes da polícia e pericia criminal no local onde o crime foi cometido, em 9 de abril. (Foto: Paulo Francis)

Por engano - Matheus Coutinho Xavier era acadêmico de Direito e foi morto com tiros de fuzil enquanto manobrava a camionete do pai, em frente a residência da família, na Rua Antônio da Silva Vendas, no Jardim Bela Vista, em Campo Grande. No dia, de forma em comum, iria levar os irmãos à escola, tarefa normalmente executada pelo pai.

O alvo, portanto, era Paulo Xavier, conhecido como “PX”. Ele entrou na lista de execuções dos Name por ter sido considerado traidor, ao prestar serviço ao advogado Antônio Augusto Souza Coelho, radicado em São Paulo, com quem a família teve negócios envolvendo terras com valores milionários.

Tudo isso é citado na denúncia. A investigação diz que o assassinato foi encomendado por “PX” ter sido considerado um traidor da família.

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