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Capital

Deputado furou cordão de isolamento antes de confusão, diz PM

Em nota, instituição alega que haveria solenidade de encerramento, entretanto, o evento já havia terminado

Mylena Fraiha e Caroline Maldonado | 07/09/2023 14:42

Após confronto entre policiais militares e manifestantes do movimento “Grito dos Excluídos”, ocorrido depois do desfile na manhã desta quinta-feira (7), a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul afirmou em nota que o deputado estadual Pedro Kemp (PT) furou cordão de isolamento da área do palanque de autoridades e que seus agentes estavam “cumprindo sua missão constitucional”.

Na nota, a PMMS também alegou que haveria uma solenidade de encerramento do desfile, por isso, o isolamento foi mantido. Entretanto, conforme apuração da reportagem, na programação, não estava prevista nenhuma cerimônia e o desfile já havia finalizado. O governador Eduardo Riedel (PSDB) já havia se retirado do palanque e encontrava-se em uma área restrita, afastada do palco principal, onde estava concedendo entrevistas à imprensa.

De acordo com a Polícia Militar, após a suposta solenidade, a passagem seria liberada para que o grupo "Grito dos Excluídos" e demais presentes pudessem circular livremente pelo local.

Em vídeo, é possível ver o momento em que, após a PM negar a passagem aos manifestantes, Pedro Kemp decidiu abrir a grade e encorajar as pessoas a seguirem adiante, desencadeando assim o tumulto no cruzamento da Rua 13 de Maio com a Avenida Afonso Pena.

Agente da PM discute com deputado estadual Pedro Kemp em cruzamento da Rua 13 de Maio e Avenida Afonso Pena (Foto: Marcos Maluf)
Agente da PM discute com deputado estadual Pedro Kemp em cruzamento da Rua 13 de Maio e Avenida Afonso Pena (Foto: Marcos Maluf)

Em nota, a Polícia Militar diz lamentar o desentendimento com o deputado. “A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul lamenta o incidente ocorrido envolvendo o Deputado Estadual Pedro Kemp o qual demonstrou desconhecer os procedimentos que estavam em curso e de maneira equivocada tentou transpor o cordão de isolamento, bem como, incitou algumas pessoas a realizar tal ato. Esclarecemos que tão logo ocorrera a solenidade de encerramento do desfile houve a liberação da via”, diz trecho da nota.

Ao Campo Grande News, o deputado Pedro Kemp reforçou que o "Grito dos Excluídos" é uma manifestação pacífica, democrática, realizada por movimentos sociais que desejam "um país mais justo, inclusivo, com a participação popular".

"Há 29 anos realizamos o 'Grito dos Excluídos' no Dia da Independência, porque nós acreditamos que a verdadeira independência vai acontecer quando a gente tiver inclusão social e direitos garantidos", comenta Pedro Kemp.

O parlamentar também lamentou o confronto e reforçou a necessidade de garantir o direito à livre manifestação. O deputado detalhou sua versão sobre o ocorrido. "Este ano, foi realmente lamentável que fomos impedidos de nos aproximar do palanque. Não havia motivo para isso. Era uma manifestação pacífica, democrática e é nosso direito de manifestação. Nós estávamos pedindo justiça social. Foi lamentável. Tivemos um ver o pequeno confronto com a Polícia Militar. É importante, que nos próximos anos, o comando da polícia permita nossa participação e nosso direito à livre manifestação, e que não aconteça mais esse incidente", explica o deputado.

Vereadora Luiza Ribeiro durante manifestação do "Grito dos Excluídos", na Avenida Afonso Pena (Foto: Marcos Maluf)
Vereadora Luiza Ribeiro durante manifestação do "Grito dos Excluídos", na Avenida Afonso Pena (Foto: Marcos Maluf)

Manifestação - O "Grito dos Excluídos" é um movimento tradicional que busca dar voz aos excluídos e destacar questões sociais relacionadas a salários, moradia, emprego e direitos das comunidades indígenas.

O deputado Pedro Kemp enfatizou que o movimento representa aqueles que não conseguem fazer suas vozes serem ouvidas pelas autoridades, enfatizando a importância da dignidade para todos os cidadãos do Brasil.

Neste ano, o tema do desfile para o grupo foi: “Você tem fome de quê?”. Os manifestantes protestaram contra taxação de juros, violência contra mulheres e pela demarcação de terras indígenas. A expectativa era de que 100 pessoas estivessem nas ruas.  O grito dos excluídos é realizado por movimentos sociais, sindicatos e filiados de partidos de esquerda.

(*) Matéria editadas às 15h06, do dia 7 de setembro de 2023, para acréscimo de informações. 

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