Empresas alteram linhas de ônibus e fazem passageiros esperarem mais
Pelos relatos, os mais afetados foram usuários que dependem das linhas que ligam os terminais mais afastados do Centro
A figura de pessoas em pontos de ônibus olhando para o horizonte da rua e em seguida para o relógio é frequente nos bairros da Capital. Para os usuários do transporte coletivo o tempo de espera tem ultrapassado o rotineiro.
O fato, somado com a lotação fora do comum os levou a acreditar que o serviço foi reduzido em alguns pontos. Além disso, usuários reclamam que os horários disponibilizados pelo site da assetur não batem com o dos terminais.
Pelos relatos, os mais afetados foram usuários que dependem das linhas que ligam os terminais mais afastados do centro da cidade como Guaicurus, Morenão e Bandeirantes. Em contrapartida, a Agetran (Agência Municipal de Trânsito) e Consórcio Guaicurus não confirmam a redução.
Desde segunda-feira (5) mudanças no transporte coletivo foram sentidas. Entre elas alterações nos horários das linhas 234, 106, 064, 237, 201, 406, 407, 110, 122, 514. Além disso, dos terminais Peg Fácil da Afonso Pena foram desativados.
No ponto - Quem sentiu o suposto corte foi a caixa de supermercado Nilza Camargo. No aguardo por um ônibus na rua Walter Locatti, no Jardim Itamaracá, ela diz que chegar atrasada no trabalho é só mais um dos prejuízos causados pelo transporte público. “Pego três ônibus para chegar ao trabalho. Nos três pontos eles [ônibus] chegam atrasado, mas o atraso é maior no terminal Morenão. Acredito que teve corte nas linhas não só pela demora, mas agora parece que em qualquer horário os ônibus ficam lotados”, detalha.
Nilza conta que a estratégia para diminuir os descontos no pagamento pelos constantes atrasos foi a de se adiantar até 2h. “Entro 14h, mas saio de casa às 12h. No fim de semana é pior ainda. Parece que não tem um horário fixo”, relata.
Opinião compartilhada pelo estudante Augusto Martins Franco, 37 anos, que olhava impacientemente o relógio, no ponto localizado na avenida Guaicurus, no Jardim Colibri. “Esses dias mesmo eu reclamei para o fiscal no terminal Guaicurus que os horários do site com os que o ônibus passa não são os mesmos. Ele até deu uma bronca no motorista. Infelizmente quem depende do transporte público em Campo Grande não consegue ser pontual nunca”, desabafa.
Os dois usuários aguardavam a chegada dos ônibus em pontos cobertos. Mas, e quando o ponto é apenas um totem de madeira? Para a auxiliar de serviços gerais Rosimeire Benitez, 50 anos, a espera é ainda maior. “Minutos viram horas debaixo de sol quente. O duro é que as horas então viram anos”, brinca.
A auxiliar também conta que é mais uma que precisa sair de casa pelo menos duas horas antes de casa para conseguir chegar no trabalho. Contudo, a medida não tem sido suficiente. “As vezes o ônibus passa tão cheio que você não consegue nem entrar. Me lembro que não era assim antes”, afirma.
O que acontece? – A prefeitura informou que a Agetran realizará uma reunião nesta quinta-feira (8) para discutir o assunto junto ao Consórcio Guaicurus. Porém, a empresa esclareceu que não é o responsável em administrar as linhas em Campo Grande.
Pelo site da Assetur, um informe alertava "que a partir de segunda-feira (5) haverá alterações de horários nas linhas, 234, 106, 064, 237, 201, 406, 407, 110, 122, 514".
Venda - No final do ano passado, o Consórcio Guaicurus, responsável pelos ônibus do transporte coletivo de Campo Grande, colocou 70 veículos à venda em pregão eletrônico e presencial a ser realizado mês pela leiloeira Canal de Leilões, na Capital. O anúncio foi feito quatro meses após a apresentação de 91 novos veículos pelas empresas.