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Capital

Há 1 mês sem visita, família reclama de “castigo” a guardas presos na Omertá

Conforme investigação, guardas municipais eram do núcleo de apoio da organização criminosa liderada por Name

Aline dos Santos | 29/01/2020 15:28
Familiares de guardas presos, Vítor, Roberson e Melry fizeram reclamações em visita ao Campo Grande News. (Foto: Ricardo Gael)
Familiares de guardas presos, Vítor, Roberson e Melry fizeram reclamações em visita ao Campo Grande News. (Foto: Ricardo Gael)

Com visitas proibidas há mais de um mês, familiares de guardas municipais presos na operação Omertá reclamam que eles estão de “castigo” e questionam a transferência do CT (Centro de Triagem) Anízio Lima, de Campo Grande para a unidade penal de Naviraí, distantes 366 quilômetros. A informação é de que havia plano de fuga, mas os parentes dizem que as varreduras não encontraram prova da suspeita.

“A dificuldade que a gente tem é com a transferência para Naviraí. Não estava tendo contato nenhum. Até agora não teve visita e ficou previsto de ligar no dia 31 para ver se a gente vai poder fazer visita. Eles só falam que eles estão de castigo, numa cela de castigo”, afirma em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, Melry dos Santos Ricci Ribeiro, esposa de Rafael Carmo Peixoto Ribeiro. Ela foi até Naviraí, a 366 quilômetros de Campo Grande, mas  só foi autorizada a entrega de material de limpeza.

Segundo ela, de 21 de dezembro (data da transferência) até hoje foram uma curta ligação telefônica e uma visita do advogado. A mesma situação foi relatada por Vítor Luiz e Roberson Kopetski, respectivamente pai e irmão de Robert Kopetski. Eles reclamam da lentidão dos processos, com a prisão que já dura seis meses.

A operação Omertá foi realizada em setembro, mas Robert foi preso em julho do ano passado, no curso da investigação deflagrada com a apreensão de arsenal em imóvel de Campo Grande. Segundo o pai, que também é guarda municipal, Robert prestava serviços de limpeza e de motorista. Antes, era segurança e fazia extras para aumentar a renda. “Já está sendo processado como condenado”, diz Vítor.

Dourados – Esposa de Igor Cunha de Souza, Carla Cristiane de Souza Gomes conta que ele foi transferido para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados) e critica as situações do cárcere.

"Está numa situação muito pior do que se encontrava no Centro de Triagem. Eu fui fazer uma visita, é um lugar pequeno e tem um buraco no chão onde ele faz as necessidades. Não tem pia, tomada para ligar ventilador. Eles dão a marmita três horas da tarde, que é a janta deles, depois, até a hora de dormir não comem mais”, afirma.

A cela na PED é compartilhada por Igor e os também guardas municipais Eronaldo Vieira da Silva e Rafael Antunes Vieira.

Núcleo de apoio - De acordo com a Omertà, os guardas integram núcleo de apoio a uma organização criminosa e foram denunciados por obstruir investigação.

A defesa de Igor, Rafael Peixoto, Eronaldo e Alcinei Arantes da Silva apresentou pedido de reanálise das condições das prisões preventivas com base no pacote anticrimes, que entrou em vigor no último dia 23. A nova lei prevê reavaliação a cada 90 dias da prisão preventiva.

A operação foi realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), força-tarefa da Polícia Civil que investiga execuções, Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros), Batalhão de Choque e Bope (Batalhão de Operações Especiais). Omertà é um código de honra da máfia italiana, que faz voto de silêncio.

Respostas - Sobre a situação de Rafael Peixoto e Robert Vitor Kopetski , a Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário) informou que “os dois internos estão em cela separada, isolados do restante da massa carcerária, para sua segurança”. Ambos, conforme a agência, estavam em período de inclusão e receberão visitas de familiares neste domingo.

“Os internos realizaram telefonema no dia da inclusão no Serviço Social do presídio e não solicitaram novamente atendimento para isso”, diz a Agepen. O órgão afirma que eles estão recebendo normalmente pertences levados por familiares.

Com relação ao advogado, diz a agência, “basta realizar os agendamentos para fazer quantos atendimentos desejar, como ocorre com todos os outros internos da unidade prisional”.

Dourados – Sobre Igor Cunha de Souza, a informação dada é que está em cela só para ele e outros dois guardas municipais, como garantia de sua segurança.

Sobre a queixa de que o sanitário é um “buraco no chão”, a resposta é de que se trata de modelo turco, “no padrão de segurança do local” e que funciona como um sanitário normal.

Sobre as refeições, que seriam servidas muito tarde, a direção da PED alegou que são servidas conforme o cronograma de distribuição da cozinha local, que atende a 2,6 mil internos custodiados.
“Mas todas as refeições são servidas e podem ser consumidas conforme o interno desejar”, diz a Agepen.

A respeito da contestação das famílias em relação ao plano de fuga que motivou a ida dos presos para outras unidades, a Agepen afirma que “as transferências foram necessárias após informações e manifestação do Ministério Público sobre plano de fuga desses custodiados”. Diz, por fim, que “buscou atender as necessidades de segurança também dos próprios custodiados”.

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