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Capital

Interrogado por juiz, fonoaudiólogo admite que pediu para menino “baixar cueca”

Acusado também disse que não sabe o que passou na cabeça dele e que se arrepende do que aconteceu

Ana Beatriz Rodrigues | 16/12/2022 16:02
Wilson Nonato Rabelo Sobrinho chegando na delegacia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Wilson Nonato Rabelo Sobrinho chegando na delegacia. (Foto: Henrique Kawaminami)

O fonoaudiólogo Wilson Nonato Rabelo Sobrinho, de 30 anos, acusado de estuprar crianças durante os atendimentos, passou pela primeira audiência na 7° Vara Criminal de Campo Grande. O interrogatório, sobre o caso de paciente de 8 anos que teria sido abusado no consultório médico, aconteceu na última quarta-feira (14).

O Campo Grande News teve acesso ao conteúdo da audiência. Por videochamada, Wilson respondeu a perguntas do juiz Mário José Esbalqueiro Júnior e do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Negou que tenha tocado no paciente e admitiu que certa vez “apenas” pediu para o menino “baixar a cueca”.

O juiz perguntou porque ele tinha feito aquilo e o fonoaudiólogo não soube explicar. Disse que não sabe o que passou na cabeça dele e que se arrependia muito do que aconteceu, mas negou o fato de ter encostado no menino como foi narrado pela mãe e pela própria vítima no dia em que o profissional foi preso, no dia 9 de março deste ano.

O acusado alegou ainda que no dia em que aconteceu a prisão flagrante o menino já estava “diferente” e que ele foi levado na consulta por um tio, coisa que nunca havia acontecido.

Durante o atendimento, segundo narrou o fonoaudiólogo, o garoto pediu para ir ao banheiro e assim que voltou, ficou com semblante como se estivesse procurando alguém. Foi quando em seguida o tio entrou na sala, já acompanhado da mãe do garoto e o paciente disse aos responsáveis que o fono havia tocado nele.

Ele também ressalta que a mãe da vítima se alterou e jogou o computador dele no chão. O tio partiu para a agressão e ele não fugiu. Fez questão de dizer que esperou a polícia chegar porque não havia feito nada errado naquele dia e queria esclarecer os fatos.

Sobre as imagens de cunho pornográfico que foram encontradas no computador do acusado, Wilson foi orientado pelo advogado a não responder sobre o assunto.

O caso - O fonoaudiólogo foi indiciado em 7 inquéritos policiais por estupro de vulnerável (artigo 217) do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). As vítimas têm entre 4 e 8 anos de idade, todos meninos, que foram atendidos por ele em sessões de fonoaudiologia.

Conforme a investigação, Wilson aproveitava do fato de estar sozinho com as crianças, passava a mão nelas, se masturbava e ainda filmava alguns dos abusos praticados.

O estopim - O fonoaudiólogo foi preso no dia 9 de março, na clínica onde ele atuava, depois que a mãe de um dos pacientes dele o denunciou pelos abusos sexuais. A mulher conta que foi avisada pelo outro filho, de 10 anos, o que acontecia com o caçula.

Ela foi até o estabelecimento, aguardando na sala de espera, até que o garoto de 8 anos saiu correndo da sessão, dizendo que o profissional havia passado a mão nele.

A PM (Polícia Militar) foi acionada e depois da divulgação do primeiro caso pela imprensa, vários pais começaram a procurar a polícia. Durante a investigação, foram ouvidas pelo menos 40 crianças atendidas pelo fonoaudiólogo.

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