Irmão de "Estrelinha" teme que mãe tente se aproximar dos filhos após absolvição
Menina foi estuprada e morta em 2022; Evandro tem a guarda dos irmãos de 5 e 3 anos desde o crime
Evandro, 21 anos, acompanhou de longe a absolvição da mãe, Inezita Ramos de Oliveira Araújo na ação que tratou do estupro e homicídio de “Estrelinha”, outra filha dela, morta aos 11 anos, em dezembro de 2022. O julgamento foi realizado ontem, em Campo Grande.
“Ele [Evandro] não quer contato com ela”, garantiu Vânia. O rapaz preferiu não conversar com a reportagem.
Agora, segundo a madrasta dele, a comerciante Vânia Felícia da Silva, de 44 anos, o temor é que Inezita, 40 anos, tente se reaproximar dos outros dois filhos, de cinco e três anos, que estão sob a guarda de Evandro, o primogênito. “Ele não sabe se ela realmente vai mudar, se está em tratamento, tem medo”, disse.
Durante o julgamento, Inezita diz que a vida acabou após a morte de "Estrelinha". Perdeu a guarda dos filhos, fazia programas sexuais "mais baratos" e passou a usar drogas. Descumpriu regras da liberdade concedida após a morte da menina e acabou respondendo ao processo presa, em São Gabriel do Oeste.
Com fala lenta, pediu uma segunda chance aos jurados. “Me deixa em liberdade para um novo recomeço, uma mãe como eu merece um novo recomeço, se puderem ter coração, vou fazer diferente desta vez”, garantiu. O corpo de jurados, formado por cinco mulheres e dois homens, a absolveu do crime de abandono de incapaz que resultou em morte.
No mesmo julgamento, Maykon Araújo Pereira, 32 anos, foi condenado a 34 anos e seis meses de reclusão por homicídio qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e emprego de recurso que dificultou defesa da vítima) e estupro.
As crianças estão sob a guarda do irmão desde janeiro de 2023 e, há seis meses, Evandro conseguiu a guarda definitiva das crianças. Eles moram com o pai e a madrasta do rapaz, no bairro Nossa Senhora das Graças.
Em 2023, quando conseguiu a guarda dos irmãos, deu baixa no Exército e passou a trabalhar em oficina mecânica dos tios. Além dessa renda, também conta com auxílio do Bolsa Família e apoio do pai e de Vânia.
“As crianças estão bem, vivendo bem”, garantiu Vânia. O menino de cinco anos, que presenciou a morte da irmã, parou de chorar ao se referir a irmã. Estrelinha, agora, é lembrança mais suave. “Quando ele olha o céu e vê estrela, diz que é a irmã cuidando dele, não tem mais trauma”, diz. A comerciante garante que ele não pergunta da mãe.
Segundo ela, Evandro não teve qualquer reação em relação à absolvição de Inezita. “O único medo dele é de a mãe vir atrás das crianças”, diz. Vânia diz que havia medida protetiva que restringia o acesso dela aos filhos.
A comerciante relembra que Inezita não cumpriu algumas medidas estipuladas, como encontrar serviço e declarar residência fixa. Diz que a mulher teria ameaçado moradores do bairro Nossa Senhora das Graças, onde também morava.
Em julho de 2023, Inezita foi presa após tentar invadir uma casa no bairro Parque Novos Estados. Depois disso, a informação é que foi levada para presídio em São Gabriel do Oeste, onde estava até ontem, quando foi julgada.
No processo da morte de “Estrelinha” não consta qualquer menção a ter outros motivos de prisão. Com absolvição, a prisão por descumprir medidas relacionadas ao caso perdem o sentido e ela seria liberada. No sistema da Polícia Civil ainda consta que Inezita está presa, em regime provisório.
A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que Inezita foi solta.
Crime – A menina foi assassinada na noite de 11 de dezembro de 2022. O corpo da menina foi encontrado no chão da cozinha. Tinha sido espancada e estuprada.
Segundo a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a mãe havia saído para ir a um bar e deixou a filha de 11 anos cuidando dos mais novos. Inezita diz que fazia programas para auxiliar na renda, que era de R$ 900 com Bolsa Família.
No dia seguinte, a polícia prendeu Maykon Araujo Pereira que confessou ter matado a menina. Ele foi até a casa da família para programa sexual com a mãe dela e encontrou a criança que cuidava dos irmãos. Ele justificou o crime, dizendo que havia bebido demais. Negou o estupro afirmando que “apenas passou a mão” na criança. O laudo, porém, atestou a violência sexual.
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