Juiz resolve manter Fahd Jamil preso no Garras e pede perícia médica
Decisão foi tomada em audiência de custódia realizada por video nesta terça-feira
Cerca de 30 horas depois de apresentar-se à Polícia Civil nesta segunda-feira (19), em Campo Grande, vindo não se sabe exatamente de onde em avião particular, após 10 meses foragido, o homem que já foi um dos mais poderosos em Mato Grosso do Sul, Fahd Jamil Georges, 79 anos, teve a prisão preventiva mantida pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal. Ele vai ficar no Garras, onde dormiu esta noite, até que o magistrado avalie pedido de providências específico para conceder prisão domiciliar.
Não há prazo para isso, mas pode durar em torno de 10 dias, conforme apurado pelo Campo Grande News.
A decisão foi tomada durante audiência de custódia feita por videoconferência, com o réu em sala do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), o juiz no fórum e dois advogados cada um seus escritórios, em São Paulo e em Campo Grande.
Durante a audiência, os defensores apresentaram pedido de prisão domiciliar, alegando a saúde frágil do cliente, a caminho dos 80 anos, a serem completados em junho deste ano.
O magistrado, então, decidiu que a prisão cumpre os requisitos legais e deve ser mantida, determinou que o preso seja mantido no Garras, por questões de segurança, e que uma perícia médica oficial constante se ele tem condições de continuar encarcerado.
A partir daí, serão solicitadas informações das autoridades para saber que unidade tem condições de abrigar o réu. Só depois disso, Roberto Ferreira Filho vai se manifestar sobre o pedido dos advogados.
"Pior" - No começo da tarde, quando chegou na sede do Garras, o advogado André Borges disse ter conversado com o representado brevemente, em espaço diferente da cela onde ele está desde que se se entregou. Afirmou que "Fuad" piorou de ontem para hoje. Disse até que se confundiu com o tempo. "Falou que está aqui há 3 dias já", exemplificou.
A cela onde foi colocado fica aos fundos do prédio da delegacia, em espécie de edícula. Para dormir, o preso tem a disposição colchão novo levado ontem no fim da tarde. O sanitário é do tipo “boi”, rende ao chão. Ele estava sozinho.
O exame de corpo de delito dele, providência obrigatória, foi feito na unidade policial, situação excepcional, já que normalmente o preso vai ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). Quem assina o documento é o chefe do órgão, o médico Silvio Lemos.
Não foram constatadas lesões aparentes. O preso também disse não ter sido alvo de violência. Essas perguntas costumam ser feitas também pelo juiz para validar, ou não, a legalidade de uma prisão.
As ações criminais – O “Rei da Fronteira”, status de Fahd Jamil durante décadas, não tem previsão de prestar depoimento à Justiça nas ações que responde. A fase de instrução dos processos pelos quais responde já passou, e agora a previsão é de interrogatório só no final das ações.
São três processos, dois relacionadas à formação de organização criminosa, milícia armada, tráfico de armas, corrupção de agentes públicos, e uma como mandante da execução do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, de 62 anos, ocorrida em junho de 2018. O sargento da Polícia Militar foi metralhado na Avenida Guaicurus, depois de o veículo onde estava ser interceptado pelos executores.
No Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), para onde foi levado depois de desembarcar do avião no Aeroporto Santa Maria, Fahd não foi ouvido, porque todos os inquéritos tocados pela força-tarefa que o investigou já foram concluídos, encaminhados ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul, e transformados em processos judiciais.
A defesa diz que ele é inocente, e nunca chefiou organização nem mandou matar ninguém.
A ordem de prisão contra Fahd Jamil ficou aberta desde 18 de junho do ano passado, quando foi deflagrada a fase 3 da operação Omertà, denominada Armagedon. Foi a segunda vez que se tem conhecimento de pedido de colocá-lo no cárcere. A outra vez foi em 1980, por contrabando, no Paraná. A soltura da prisão de Ahu, hoje um prédio histórico em Curitiba, veio logo depois.
A partir de 2019, a investida de força-tarefa da Polícia Civil e do Gaeco contra milícias armadas começou por Campo Grande, levando a Jamil Name (80 anos), e Jamil Name Filho (43), para a prisão como chefes de organização que, meses depois, foi apontada como "sócia" de grupo criminoso do patriarca dos Georges. Os dois idosos são compadres.
Flavio Correa Jamil Georges, de 38 anos, filho de "Fuad", segue foragido.
(Matéria editada às 18h20 para acréscimo de informação)