Justiça extingue ação contra acusado de liderar golpe alavancado em igrejas
Alvo da Operação Ouro de Ofir faleceu, mas Justiça manteve bens apreendidos
A Justiça extinguiu ação penal contra Sidinei dos Anjos Peró, que foi alvo da Operação Ouro de Ofir e acusado de liderar golpe alavancado pela Teologia da Prosperidade.
A decisão, publicada na edição de quinta-feira (dia 28) do Diário da Justiça, informa que foi anexada prova cabal da morte do denunciado. Desta forma, foi extinta a punibilidade no processo de crime contra a economia popular, que tramita na 4ª Vara Criminal de Campo Grande.
“De outro norte, no que tange aos bens apreendidos, em que pese a extinção da punibilidade, a apreensão decorreu em face de uma organização criminosa, sendo que, o fato de a extinção de um dos acusados da organização criminosa, não implica necessariamente a restituição dos bens, pois, os bens até então apreendidos seriam da organização criminosa e não propriamente de um ou outro integrante. Logo, por ora, INDEFIRO a restituição de valores e bens apreendidos, até o julgamento da presente ação”, informa a decisão.
O processo tramita sob sigilo e não informa data ou motivo do óbito. Vídeo divulgado na internet informa que a morte de Sidinei foi em agosto. Nos comentários, muitas mensagens de pesar.
A Operação Ouro de Ofir foi realizada em novembro de 2017 pela PF (Polícia Federal).
Conforme relatório policial, a predileção por cooptar pastores evangélicos se destacava na Operação SAP, abreviação do nome Sidinei dos Anjos Peró, que chegou a ser preso na ação da PF. De acordo com a investigação, ele arregimentava pastores evangélicos, possivelmente como corretores, para vender “aportes” de sua operação a fiéis das igrejas.
Ao ser deflagrada, a Operação Ouro de Ofir apontou 25 mil vitimas em todo o País. Depois, o número quase triplicou: 60 mil enganados.
No golpe investigado pela Polícia Federal, as vítimas eram convencidas a “adiantar” um aporte (geralmente R$ 1 mil) e em troca, as pessoas teriam direito a receber mil vezes o valor antecipado.
A origem do dinheiro para pagar os investidores eram créditos de até R$ 1 trilhão relacionados com compra e venda de uma grande quantidade de ouro.
Os contratos eram, inclusive, registrados em cartório para aumentar a credibilidade. Para repatriação, 40% da altíssima soma ficaria com o governo federal, 40% doado como ajuda humanitária (reembolsando os aportes) e 20% para a família do homem apontado como líder da operação financeira Au-metal.
O nome Ouro de Ofir faz alusão a uma cidade mitológica, que produzia ouro de maior qualidade e beleza, mas nunca localizada.