Golpe continua, agora com tentativas de desqualificar investigação da PF
Teoria de trama do Governo Federal e manchetes de jornais falsas circulam entre grupos de WhatsApp
No mesmo dia que a Polícia Federal prendeu três suspeitos de aplicar golpe milionário, “caçadores” de clientes e pessoas que investiram dinheiro falam em complô. Em grupos de WhatsApp as teorias que circulam entre os participantes vão de que a operação Ouro de Ofir é uma “trama do Governo Federal”, a testemunhos de pessoas que supostamente seriam do alto escalão de grandes entidades financeiras dizendo que a liberação dos recursos prometidos começou.
O problema é que em meio a este bombardeio de informações improváveis, as vítimas são incentivadas a continuarem investindo dinheiro e o pior, a não denunciarem o golpe.
A reportagem teve acesso a inúmeras imagens e áudios como: “o que a polícia quer é que as pessoas entrem na paranóia e façam denúncia para eles criarem provas”; “Eu não farei denúncia alguma. Apesar de ter um filho que é um excelente Advogado Criminalista. Ainda acredito que no final iremos sorrir” e “Gente calma. Aqui ninguém é criança. Tudo isso foi o governo para deixar a gente assim. Preocupados. Iremos receber essa semana”.
Porém, a maioria destas mensagens que inflamam os grupos foram enviadas por números de outros Estados. O Campo Grande News tentou contato com estes telefones, contudo, a mensagem automática foi a mesma: “este número de telefone não existe”.
Também circulam supostos prints de manchetes de jornais onde a informação é de que a “Polícia Federal admite erros em Operação Ouro de Ofir, Celso Eder Araújo mostra valores que serão pagos a partir de hoje a investidores”. A reportagem procurou as noticiais e verificou que elas não existem.
Além disso, alguns contatos enviaram mensagens informando que um dos principais alvos da ação, Celso Eder já estaria solto, o que segundo a PF, na manhã desta quarta-feira (22) é mentira.
Delegado – Em coletiva de imprensa realizada ontem (21), o delegado da PF Cleo Mazzotti detalhou que poucas vítimas tem colaborado com as investigações justamente com a promessa de que mesmo diante do que foi exposto elas ainda sim receberiam os valores prometidos. “O trabalho neurolinguístico feito é muito forte. São mensagens como ‘você merece esse dinheiro’ ‘você merece ser um milionário’ e alguns grupos eles chegam a apelas para a fé das pessoas”, explica.
Quem envia essas mensagens, conforme ele, são os apontados como “corretores” dos “cabeças” da organização criminosa, que são responsáveis em captar as vítimas. “Eles [corretores] serão alvo do próximo passo das investigações”, adianta.
Resposta – Questionada, a PF diz que já possuí conhecimento do material que é circulado e afirma que irá investigar conteúdo.
Investigação – A operação foi desencadeada na terça-feira (21) pela Polícia e Receita Federal. Levantamento preliminar aponta que pelo menos 25 mil pessoas em todo o país caíram na conversa das pessoas contratadas dos presos Celso Éder Gonzaga de Araújo, Sidney Peró, Anderson e outro suspeito que está foragido.