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Capital

Laudo sai e revela que Porsche estava a 89,4 km/h quando matou motoentregador

Delegada responsável pelas investigações pediu a suspensão preventiva da habilitação de Arthur Navarro

Por Geniffer Valeriano e Silvia Frias | 25/07/2024 17:42

Laudo pericial aponta que o Porsche conduzido por Arthur Torres Rodrigues Navarro a estava a 89,4 km/h quando atingiu o motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira, em acidente ocorrido em março deste ano, na Rua Antônio Maria Coelho. O documento será anexado ao inquérito policial que deve ser encerrado em agosto, sem novos pedidos de dilação de prazo.

O resultado do laudo foi divulgado pela titular da 3ª Delegacia de Polícia, Priscilla Anuda, que respondeu aos questionamentos do Campo Grande News sobre o andamento do inquérito, em que Arthur Torres consta como indiciado por homicídio culposo e evasão do local sem prestar socorro à vítima.

A delegada disse que não há morosidade nos trâmites, que a investigação está sendo realizado e que aguarda a finalização de outros laudos, como o do local do acidente. “A 3ª DP está fazendo a parte dela”.

O Porsche Cayenne, avaliado em R$ 1 milhão, conduzido pelo empresário, no pátio da delegacia (Foto/Arquivo/Alex Machado) 
O Porsche Cayenne, avaliado em R$ 1 milhão, conduzido pelo empresário, no pátio da delegacia (Foto/Arquivo/Alex Machado)

Segundo Priscilla, ainda não há resposta para o pedido das medidas cautelares feitos em maio, em que foi solicitada a suspensão da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), proibição de acesso a determinados lugares, como bares e casas noturnas e proibição de se ausentar da comarca, salvo necessidade. Na lista, também consta que o empresário seja proibido de sair da cidade em momentos que sejam conveniente ou necessária para a investigação ou instrução do processo

O pedido teve parecer favorável do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), mas ainda não foi apreciado pela juíza Eucélia Moreira Cabral.

Em resposta, a juíza mandou que o Arthur Navarro fosse intimado para se manifestar acerca do pedido, em um prazo de cinco dias. O mandado de intimação foi emitido no dia 15 de maio, sendo recebido pelo oficial de justiça dois dias depois. Porém, após duas tentativas, o empresário foi intimado no dia 4 de julho. Ainda não há decisão sobre a solicitação de medida cautelar.

A delegada disse que não deve pedir nova dilação de prazo, e deve encerrar o inquérito na segunda semana de agosto. A prorrogação havia sido pedida em maio, justamente para aguardo da finalização do laudo e de oitivas de testemunhas. “Vou finalizar sem a decisão judicial”, informa.

Kelly Ferreira aguarda a finalização do inquérito e punição do condutor: "É horrível passar por isso, tem que ter punição" (Foto: Paulo Francis)
Kelly Ferreira aguarda a finalização do inquérito e punição do condutor: "É horrível passar por isso, tem que ter punição" (Foto: Paulo Francis)

Hoje, o Campo Grande News publicou entrevista com a viúva, Kelly Patricia Ferreira, de 39 anos, e a advogada Janice Terezinha Andrade, que representa a família do motoentregador. Ambas relataram a preocupação como que consideram prazo estendido para finalização do inquérito. "A minha indignação é a demora, porque lá em São Paulo aconteceu a mesma coisa, uma semana depois, o motorista já foi pronunciado”, afirmou Janice.

“É horrível passar por isso, eu não desejo para ninguém; então colocar um freio nisso, e mostrar que dinheiro não pode comprar tudo, tem que ter uma punição”, diz Kelly. Ela afirma que, até agora, não recebeu qualquer ajuda efetiva por parte de Arthur Navarro, embora ele tenha divulgado que estava à disposição da família.

Priscilla Anuda diz que não há como fazer paralelo com o caso de atropelamento e morte em São Paulo, dizendo que lá se trata de crime doloso, com réu preso, com diferença na atuação policial.

O advogado André Borges, que representa Arthur Navarro, disse que a "defesa aguardará acesso ao laudo para poder se manifestar conclusivamente. Mas desde logo é possível adiantar que se tratou de um acidente de trânsito, jamais desejado".

O caso - Na noite de 22 de março, Hudson tinha acabado de fazer entrega em um prédio, quando foi atingido pelo Porsche de Arthur. Ainda conseguiu mandar áudio para a esposa, pedindo socorro. “Vem ligeiro, vida. Acabou com minha perna, acabou”.

O motoentregador foi encaminhado à Santa Casa, às 21h10, com fratura exposta de tíbia, lesões extensas, sangramento ativo, choque hipovolêmico e hemorrágico. Morreu no dia 24 de março, à 1h10, aos 39 anos.

Arthur Torres Rodrigues Navarro só se apresentou à polícia no dia 5 de abril e disse que não percebeu o que havia ocorrido. Ele foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção) e evasão do local sem prestar socorro.

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